O comandante máximo das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Timochenko, afirmou, em entrevista exclusiva em Havana ao jornalista Fernando Morais – e publicada simultaneamente por Opera Mundi e pelo site Nocaute – que espera que o apoio dos EUA ao processo de paz na Colômbia não se altere com o governo do republicano Donald Trump, que assume a presidência no dia 20 de janeiro.
“Eles têm interesses econômicos, interesses estratégicos. E também querem não ter de cuidar disso, porque têm problemas mais graves em outras regiões do mundo. Então esperamos que essa política de apoio ao processo de paz se mantenha”, disse Timochenko.
Timochenko falou também, nesta entrevista, sobre o processo de paz, a vitória do ‘não’ no referendo, suas expectativas em relação ao governo de Donald Trump, nos EUA, e a crise política no Brasil. Quer ler e assistir à entrevista completa? Clique aqui!
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FM: O mundo foi surpreendido, há poucas semanas, pela eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Há muita gente progressista que crê que, para a política externa, não há a menor diferença entre democratas e republicanos. Para a Colômbia e para as FARC, o que significa a eleição de Trump?
Timochenko: Sinceramente, sinceramente, temos alguns temores. Mas quando fazemos análises objetivas, é isso que você disse: que não importa se é republicano, ou se é democrata. O que ocorre são as políticas que são traçadas, sabemos, nos dois cenários distintos, e esses são personagens que têm de se adaptar a elas. O que acontece é que, sim, cada personagem dá suas próprias características a seus mandatos.
Mas acabo de escutar uma notícia de Trump planeja encerrar a fabricação de um avião de guerra, não me recordo o tipo, e veio uma enorme pressão sobre ele. Começando pelo grande consórcio militar. Há no mundo um consórcio industrial, militar e financeiro, que são os que movem os fios do poder e que manejam todas as tramas de poder no mundo. Querem se apoderar do mundo. E os Estados Unidos são um instrumento para isso.
Então é aí que serão determinadas as políticas. Nós confiamos, porque este processo teve o acompanhamento e a aprovação dos Estados Unidos. Não porque sejam boa gente. Porque também eles financiaram e promoveram a guerra. E participaram como assessores diretos na guerra.
Mas eles têm interesses econômicos, interesses estratégicos. E também querem não ter de cuidar disso, porque têm problemas mais graves em outras regiões do mundo. Então esperamos que essa política de apoio ao processo de paz se mantenha. A mim me disse isso, pessoalmente, o secretário de Estado.
FM: John Kerry.
Timochenko: Kerry. Me disse isso aqui, em Havana. Disse: “Estamos dispostos a ajudar em tudo que vocês necessitem para a segurança de vocês.”
FM: Interessante isso.
Timochenko: E vão lutar… Não foi exatamente a palavra, mas, sim, não vão permitir o apoio aos paramilitares, ao paramilitarismo. É uma mudança de política, porque, ao fim e ao cabo, o paramilitarismo que eles impuseram à Colômbia.
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Timochenko diz esperar que apoio norte-americano ao processo de paz na Colômbia continue