A esposa do fundador do Wikileaks, Stella Assange, acusou nesta terça-feira (16/04) os Estados Unidos de terem se limitado a “palavras vazias” em relação às garantias apresentadas por Washington à Corte britânica em uma tentativa de evitar um último recurso de Julian Assange contra a extradição.
Há três semanas, o Superior Tribunal do Reino Unido acatou um pedido de defesa e concedeu a Julian Assange o direito de realizar mais uma audiência, em 20 de maio, para tentar evitar que seja extraditado para os Estados Unidos.
A sessão seria automaticamente realizada se, em três semanas, as autoridades norte-americanas não oferecessem “garantias satisfatórias” sobre se o acusado poderia confiar na Primeira Emenda da Constituição norte-americana; se poderia ser prejudicado em julgamento devido à sua nacionalidade; e se poderia estar sujeito a uma sentença de pena de morte.
O teor do documento norte-americano foi divulgado pela agência Reuters nesta mesma terça-feira, momentos antes das críticas proferidas por Stella. O texto diz que Julian terá o direito de recorrer à Justiça para invocar proteção sob a Primeira Emenda da Constituição norte-americana, que assegura a liberdade de expressão e que poderia livrá-lo das acusações de espionagem feitas pelo Departamento de Justiça. Além disso, que não será solicitada nenhuma sentença de pena de morte, nem imposta caso seja julgado nos Estados Unidos.
De acordo com Stella, o país norte-americano “emitiu uma ‘não-garantia’ em relação à Primeira Emenda e uma garantia padrão em relação à pena de morte” sobre a situação de seu marido, que responde a 18 processos por ter revelado documentos que denunciam crimes de guerra cometidos pelos militares norte-americanos.
BREAKING:
“The United States has issued a non-assurance in relation to the First Amendment, and a standard assurance in relation to the death penalty. It makes no undertaking to withdraw the prosecution’s previous assertion that Julian has no First Amendment rights because he… pic.twitter.com/lu7bkw0M5u
— Stella Assange #FreeAssangeNOW (@Stella_Assange) April 16, 2024
“Não se compromete a retirar a afirmação anterior da acusação de que Julian não tem direitos da Primeira Emenda porque não é cidadão dos Estados Unidos. Em vez disso, os Estados Unidos se limitaram a palavras descaradas alegando que Julian pode ‘tentar levantar’ a Primeira Emenda se for extraditado”, criticou Stella, acrescentando que a nota diplomática “não faz nada para aliviar a extrema angústia” da família do acusado por “publicar um jornalismo premiado”.
Segundo o jornal britânico The Guardian, apesar da resposta norte-americana dentro do prazo de três semanas estipulado pela Corte britânica, não se foram apresentadas “garantias adequadas” pelos Estados Unidos como requerido pelos juízes. Portanto, a audiência para 20 de maio está confirmada.