No califado islâmico instalado em zonas petrolíferas entre o Iraque e a Síria, o EI (Estado Islâmico) ganha cerca de US$ 2 mi (RS 4.95 mi) por dia com a venda de petróleo no mercado negro, estimam estudos divulgados pela Bloomberg no início desta semana.
Efe
Em julho, Estado Islâmico conquistou ponto chave de distribuição de petróleo
O grupo extremista sunita produz entre 50 e 60 mil barris diariamente, de acordo com a empresa de dados norte-americana IHS. Por ano, tal quantia pode representar um ganho de até US$ 800 milhões.
“Mesmo que a sua capacidade fosse cortada pela metade, eles [EI] teriam US$ 400 milhões no caixa. Isso é muitas vezes superior à que qualquer fonte de financiamento que conhecemos”, afirma Bhushan Bahree, coautor do estudo, em entrevista à Bloomberg.
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Calcula-se que os membros da organização consomem metade da produção e vendem o resto por um preço entre US$ 25 e US$ 60 o barril. Tal valor aponta como o produto é competitivo no mercado, já que, nas últimas semanas, a queda das cotações internacionais do petróleo chegou a US$ 60 cada barril.
Isso mostra que os ataques aéreos da coalizão liderada pelos EUA na região sob controle do EI têm se mostrado ineficientes para afetar o sistema lucrativo do grupo jihadista. A Bloomberg destaca que seria necessário que a ofensiva norte-americana atingisse as refinarias montadas pela organização em caminhões que abastecem as máquinas de guerra. Elas fornecem a commodity para a população dos territórios sob seu domínio.
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Vídeo
Paralelamente, o EI divulgou um vídeo nas últimas horas em que mostra seus combatentes com armas e munições semelhantes às que foram lançadas por aviões norte-americanos. O Pentágono analisa se um dos lotes com o material militar lançados via aérea para as forças curdas que combatem na cidade curdo-síria de Kobani foi parar nas mãos dos jihadistas, anunciou na noite de terça-feira (21/10) o porta-voz do Departamento de Defesa, o almirante John Kirby.
Segundo Kirby, o Pentágono está seguro de que a maioria do material foi “parar nas mãos corretas”, à exceção de um pacote, que alegou não poder garantir se foi apreendido pelo EI. Por outro lado, o Observatório Sírio de Direitos Humanos confirmou que dois paraquedas com armamento e material sanitário caíram nas áreas sob o controle do EI.
No domingo (19/10), os EUA lançaram pacotes com armas, munição e provisões médicas aos combatentes curdos – conhecidos como “peshmergas” – que defendem a cidade de Kobani, onde ocorre um desastre humanitário na fronteira com a Turquia.
Efe
Cidade de Kobani em coluna de fumaça: clima de tensão com expansão de jihadistas
Curdos e turcos: acordo para salvar Kobani
Nesta quarta (22/10), o governo do Curdistão iraquiano declarou que enviará mais 200 membros “peshmergas” a Kobani. A milícia curda entrará na cidade por meio da Turquia, horas após o governo turco anunciar que decidiu autorizar a travessia de curdos.
À Efe, o deputado curdo-iraquiano Aydin Marouf explicou que os curdos da Síria têm pedido, principalmente, mais armas pesadas para combater o EI na cidade. O único acesso a Kobani é a fronteira turca, onde o governo local impôs nos últimos dias uma série de barreiras para a travessia pela via.
Após o anúncio do governo turco, ontem, de permissão de trânsito de tropas curdas em seu território para auxiliar Kobani, o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que tem histórico de desavenças com Ancara) anunciou hoje que manterá o processo de paz com as autoridades da Turquia, consolidado há dois anos depois de um conflito de mais de 30.
A recusa de Ancara em permitir a chegada de ajuda militar a Kobani afetou o processo de paz e provocou, no início de outubro, violentos protestos de curdos da Turquia. “Houve um ponto de ruptura no processo devido à atitude do governo. Sua forma de ação não é coerente com a gravidade do problema que tentamos resolver. No dia 15 de outubro entramos em uma nova fase. É nossa responsabilidade que a esperança que revitalizamos desemboque em razões práticas”, disse o fundador do PKK, Abdullah Öcalan, em comunicado divulgado nesta quarta.
Efe
Polícia turca usa canhões d'água para conter manifestantes curdos na região de Sanliurfa; 14 pessoas já foram mortas nos protestos