Representantes dos Estados Unidos e do grupo Talibã assinaram neste sábado (29/02), em Doha, no Catar, um histórico acordo de paz que prevê a retirada das tropas norte-americanas no Afeganistão em até 14 meses e o fim de uma guerra que já dura mais de 18 anos.
A delegação dos EUA foi liderada pelo secretário de Estado Mike Pompeo e pelo negociador-chefe de Washington, Zalmay Khalilzad, enquanto o mulá Abdul Ghani Baradar, cofundador do Talibã, representou os insurgentes.
Os Estados Unidos se comprometeram a reduzir seu contingente no Afeganistão de 12 mil para 8.600 imediatamente e a concluir a retirada das tropas dentro de 14 meses. Os militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) também deixarão o país.
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O pacto também prevê um cessar-fogo imediato, além de uma troca de prisioneiros, e obriga o Talibã a impedir que a Al Qaeda, o Estado Islâmico ou outros grupos terroristas operem em seus territórios.
Além disso, o grupo iniciará negociações com o governo afegão – que não participou das tratativas com os EUA – em 10 de março. “Se o Talibã manter suas promessas, teremos um poderoso caminho pela frente para encerrar a guerra no Afeganistão e levar nossas tropas de volta para casa”, declarou o secretário.
Depto Defesa EUA
Soldados norte-americanos no Afeganistão: EUA e Talibã assinaram acordo de paz histórico
Negociações
No primeiro semestre de 2019, os Estados Unidos chegaram a anunciar os princípios de um acordo de paz, mas as negociações foram suspensas no início de setembro, quando o presidente Donald Trump cancelou um encontro secreto com líderes do grupo fundamentalista na base militar de Camp David.
Dias antes, um ataque terrorista do Talibã matara 12 pessoas em Cabul, incluindo um soldado norte-americano. As tratativas só foram retomadas em novembro, durante uma visita de Trump ao Afeganistão no Dia de Ação de Graças.
O grupo islâmico governou o Afeganistão de 1996 a 2001, até ser derrubado pela invasão norte-americana – Washington acusava o grupo de dar proteção a Osama bin Laden, mentor dos atentados de 11 de setembro. Após sua queda, o Talibã iniciou uma insurgência que seguia ativa até hoje.
O acordo cumpre a promessa de Trump de encerrar uma guerra que matou quase 160 mil pessoas, incluindo 43 mil civis e 2.400 norte-americanos, e pode fortalecê-lo na disputa pela reeleição. Apesar disso, o Talibã já não era a principal ameaça terrorista aos Estados Unidos, que hoje concentram suas atenções no EI.