Em outubro passado, o presidente boliviano, Evo Morales, baniu a agência norte-americana Força Administrativa de Narcóticos (DEA, na sigla em inglês) do país, que é hoje o terceiro maior produtor mundial de coca. Veio a incerteza: como o pequeno e pobre país continuaria a lutar contra o narcotráfico sem a agência de controle mais poderosa do planeta?
A resposta vem em três partes. Em primeiro lugar, a Bolívia tem feito da luta contra a coca ilegal e o tráfico uma prioridade financeira, designando dezenas de milhões de dólares do Orçamento Geral da Nação para a solução do problema – US$ 20 milhões somente para a erradicação da droga. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a Bolívia tem uma quantidade de coca em seu território (69.000 hectares) mais de três vezes superior ao permitido por leis internacionais.
Em segundo lugar, o país tentou minar as forças por trás do narcotráfico em diversas áreas do país. Quando Evo Morales visitou Moscou, em meados de fevereiro, ele estendeu acordos bilaterais existentes entre os dois países desde 1996, que previam já o treinamento, assessoria e capacitação das forças anti-narcóticos bolivianas pelos russos. O novo acordo introduz um impulso tecnológico, prevendo o recebimento de vários helicópteros militares de transporte para uso militar.
Especulou-se que a Bolívia esperava que a Rússia passasse a substituir os Estados Unidos no setor de segurança, mas a idéia é improvável, devido ao fato de que os recentes acordos não são nada mais do que um aprimoramento dos antigos. A Rússia, por sua vez, igualmente rejeitou o boato.
“De nenhuma maneira, a saída da DEA significa que estamos tentando substituir os Estados Unidos na luta contra o narcotráfico boliviano”, afirmou Leonid Golubev, embaixador russo em La Paz, em uma entrevista dada ao programa norte-americano Dan Rather Reports, em novembro.
Saída parcial
Terceiro e último, a Bolívia decidiu não se fechar completamente para os Estados Unidos. Apesar de todos os funcionários da DEA terem deixado o país, forças norte-americanas no combate ao narcotráfico continuam lá. A diferença é que agora devem agir sob as leis bolivianas.
“Não vamos mais aceitar intromissões nesta luta”, disse o chanceler boliviano David Choquehuanca no início de fevereiro. “Se a NAS (Divisão de Narcóticos do governo norte-americano) está de acordo em trabalhar e apoiar esta estratégia nacional, nós os aceitaremos aqui. Todo o amparo que surge para apoiar as decisões que soberanamente toma o governo da Bolívia, é bem-vindo”, explicou.
Dessa forma, o NAS se inclui na continuação do projeto, mas sua participação está limitada aos campos tecnológicos e logísticos. O governo anunciou a futura criação de uma pequena base para helicópteros, pelo NAS, a fim de realizar programas de vigilância. No início deste mês, os Estados Unidos equiparam 200 soldados bolivianos com novos uniformes, botas e treinamento e doaram vários caminhões para operações em curso.
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