O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira (16/06) a abertura de uma investigação para averiguar as circunstâncias do desaparecimento do sargento Bowe Bergdahl, em 2009. Único militar norte-americano mantido prisioneiro do Talibã, ele foi posto em liberdade após negociações no último dia 31 de maio, em troca de cinco detidos de Guantánamo. Contudo, Bergdahl tem sido acusado de deserção por alguns de seus colegas, o que poderia implicar em graves penas.

Leia também: O resgate do sargento norte-americano Bowe Bergdahl: 'Homeland' da vida real?

Efe

Foto sem data divulgada pelo Exército dos EUA em 7 de junho deste ano mostra Bergdahl (esqu) ao lado do general Rick Mustion (dir)

“A função primordial desta investigação é estabelecer os fatos e transmiti-los às autoridades competentes”, declarou o Pentágono em comunicado. A equipe responsável pelo caso terá acesso a um inquérito confidencial que postulou — com quase 100% de certeza — de que o soldado tinha deixado voluntariamente o posto.

Entretanto, companheiros do militar acusam-no de ter desaparecido do posto avançado em que trabalhava no Afeganistão, com o intuito de desertar. Se o Pentágono confirmar essa versão dos fatos, Bergdahl poderá sofrer graves punições em vista de que se trataria de um delito do código militar. Dependendo da circunstância, tais castigos podem resultar até em pena de morte.

Leia mais: “Não volte ao Afeganistão”: Vídeo do Talibã mostra libertação de sargento norte-americano

O Departamento de Defesa dos EUA ainda aguarda o processo de recuperação do sargento, fora dos holofotes desde que foi libertado. Bergdahl, de 28 anos, passou duas semanas em um hospital militar norte-americano na Alemanha e atualmente está sendo submetido a exames físicos e psicológicos em um hospital militar em San Antonio, Texas. Ainda não há uma previsão para a sua reintegração à sociedade, já que o tratamento depende do progresso do soldado.

Efe

Imagem de 2010 mostra sargento Bowe Bergdahl, libertado há duas seman após 5 anos preso

No início do mês, o Talibã divulgou um vídeo que documenta o momento em que Bergdahl é entregue às forças dos EUA em uma área afegã próxima à fronteira com o Paquistão. No longo vídeo, é possível ver dezenas de talibãs armados com fuzis em uma região montanhosa, ao redor de um veículo; no banco de trás, Bergdahl aguarda sentado — visivelmente desorientado, mas aparentemente tranquilo. Helicópteros norte-americanos sobrevooam o local, até que uma das aeronaves pousa e recolhe o sargento, prisioneiro de guerra.

Ao final dos 17 minutos de gravação, enviada a diversos veículos da mídia internacional, aparece a seguinte imagem na tela: “Não volte ao Afeganistão”. Após sua libertação, Bowe Bergdahl — que aparece na gravação trajando roupas tradicionais afegãs — encontra-se em condições estáveis de saúde, sob cuidados médicos em um hospital militar na Alemanha.