* Atualizada às 21h07
Após especulações de que poderiam discutir com o Irã a coordenação de uma ação militar conjunta no Iraque, os EUA afirmaram nesta segunda-feira (16/06) que não consideram uma parceria bélica com Teerã como parte dos esforços de contenção da violência causada pela crise no vizinho Iraque.
Apesar da negativa de uma cooperação mais estreita, oficiais iranianos e norte-americanos discutiram a questão iraquiana hoje nos intervalos da condução das negociações sobre o progama nuclear iraniano, em Viena. Fontes citadas pela agência Reuters, entretanto, não informaram qual foi o conteúdo da conversa entre os representantes dos dois países, cujas relações diplomáticas foram rompidas há 34 anos.
Agência Efe
Presidente Obama se reuniu ontem na Casa Branca com sua equipe de segurança nacional; nova reunião está prevista para esta noite
“Qualquer conversação com o regime iraniano não irá incluir coordenação militar”, disse Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca, a repórteres que viajavam a bordo do avião presidencial norte-americano, Força Aérea Um. O Pentágono também disse hoje que não enxerga qualquer possibilidade parceria militar com o Irã, adversário político de longa data de Washington.
A controvérsia foi esclarecida hoje após uma declaração do secretário de Estado, John Kerry, dizendo que os EUA “estão abertos” para discutir com o Irã uma resolução para o conflito no Iraque. O aumento desmedido da violência no país fez com que Washington considerasse a possibilidade de discutir mecanismos de ajuda ao governo xiita de Bagdá com o Irã. Após a notícia, a Casa Branca logo se apressou em esclarecer: há limites para o tipo de cooperação a ser discutida com o Irã — uma parceria militar está fora do leque de opções.
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Após passar os últimos dias detalhando as possibilidades de ação — que incluem até o uso de bombardeios com drones no Iraque —, a equipe de defesa e segurança nacional da presidência dos EUA se reunirá nesta noite para acertar a decisão como presidente Obama.
A Casa Branca informou na noite de hoje que 275 soldados estão sendo enviados ao Iraque para proteger a equipe diplomática norte-americana e a embaixada em Bagdá, diante da escalada de violência no país. Cerca de 170 desses soldados começaram a chegar ao terreno no fim de semana em Bagdá, detalhou em comunicado o porta-voz do Pentágono, John Kirby. A Casa Branca garantiu que os militares americanos “estão entrando no Iraque com o consentimento do governo iraquiano”.
Agência Efe
Voluntários iraquianos anunciaram que formarão unidade militar para defender norte do país
Outra alternativa, noticiada há pouco, seria um repasse de dinheiro por parte dos EUA. A Casa Branca trabalha uma proposta legislativa para transferir para a questão iraquiana parte do montante destinado ao Afeganistão.
Há cerca de um mês os EUA tinham planos de fechar um pacote no valor de US$ 1 bilhão para vender armas, veículos, aeronaves e equipamentos de vigilância ao Iraque. “A proposta comercial irá aumentar a capacidade das forças iraquianas de sustentarem suas posições nos esforços de trazer estabilidade ao páis”, disse o Pentágno, à época.
Denúncia da ONU
Nos últimos dias, insurgentes jihadistas sunitas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EILL, ou ISIS na sigla em inglês) avançaram e tomaram algumas das principais cidades do Iraque nos últimos dias, com o objetivo de criar um emirado islâmico no país e na Síria.
A ONU denunciou hoje que o grupo extremista cometeu crimes de guerra em ações, como “uma série de execuções sistemáticas a sangue frio” de centenas de soldados capturados e de civis na cidade de Tikrit. “Com base em relatórios respaldados por várias fontes sabemos que centenas de homens que não eram combatentes foram executados sumariamente nos últimos cinco dias” no Iraque, denunciou o alto comissariado da ONU para os Direitos Humanos. As vítimas eram soldados que tinham sido capturados, recrutas, policiais e outras pessoas vinculadas de alguma maneira ao governo, e até líderes religiosos.
(*) Com informações da Agência Efe