Os Estados Unidos estão pressionando o Paquistão para ampliar a área territorial onde a CIA está autorizada a operar, sob alegação de combater talibãs e terroristas afegãos que estariam infiltrados em território paquistanês – que, oficialmente, não está em conflito -, publicou a edição deste sábado (20/11) do jornal norte-americano The Washington Post.
A pressão por parte do Pentágono e da CIA é para obter mais autorizações do governo em Islamabad para conduzir missões não-tripuladas em terra e ar, conhecidas no jargão militar dos EUA como drones (literalmente, “zangões”, em inglês), principalmente na província chamada de “Áreas Tribais sob Administração Federal” do Paquistão, vizinho ao Afeganistão.
A estratégia dos EUA consiste em cercar a área em torno da cidade paquistanesa de Quetta, onde, segundo a inteligência norte-americana, a liderança talibã planeja se basear. Mas a pressão também tem o objetivo de ampliar os limites para ataques aéreos em áreas tribais, ainda de acordo com autoridades dos EUA.
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Em reportagem do jornalista Greg Miller, setorista de segurança e defesa do jornal, o Post informou que o Paquistão já rejeitou o pedido feito formalmente, expressando descontentamento sobre a “pouca consideração” que os EUA têm pelos problemas internos de segurança do país. Para Islamabad, a estratégia norte-americana de exportar o conflito do Afeganistão para o Paquistão está relacionada ao fracasso dos EUA e da OTAN em controlar o lado afegão da fronteira.
“Vocês esperam que a gente a abra os céus para qualquer coisa que você possam fazer voar”, queixou-se um oficial de alto escalão da inteligência paquistanesa, citado pelo jornal.
O oficial teria chamado o pedido sobre Quetta de “afronta à soberania” do Paquistão. “Em que país vocês podem fazer isso?”, questionou.
Ameaça e aceleração
Autoridades dos EUA ouvidas pelo Post confirmaram o pedido de expansão dos voos drone, citando a preocupação de que Quetta seja usada não apenas como reduto talibã, mas também como porto seguro para envio de dinheiro, recrutas e explosivos do Paquistão para o Afeganistão.
“Se eles entendessem o nosso lado, saberiam que a paciência está se esgotando”, teria ameaçado um militar sênior da OTAN.
A campanha dos voos não-tripulados da CIA no Paquistão vem acelerando dramaticamente nos últimos meses. Desde o início do ano, já houve 101 ataques drone nas áreas tribais, sendo 47 somente desde setembro, de acordo com o website The Long War Journal, que rastreia as operações. Em contraste, ao longo dos primeiros cinco anos do programa, tinham sido cometidos 45 ataques.
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