Pelos próximos dias, os pré-candidatos republicanos que almejam disputar contra Joe Biden a Presidência dos Estados Unidos em novembro estarão todos focados em um Estado: New Hampshire. Com seus pouco mais de 1 milhão de eleitores, ele é o segundo da lista a realizar eleições primárias no país, após o caucus em Iowa.
Na próxima terça-feira (23/01), as principais figuras do Partido Republicano disputam entre si a vaga de candidato à Casa Branca e, apesar de colocar em jogo apenas 22 delegados, a votação é encarada como decisiva pelos candidatos, principalmente por Nikki Haley e Ron DeSantis, que ainda têm esperança de derrotar o ex-presidente Donald Trump.
O magnata venceu as prévias republicanas de Iowa com um amplo resultado de 51% dos votos e metade dos delegados do estado, ficando quase 30 pontos percentuais à frente de Ron DeSantis, o atual governador da Flórida que terminou em segundo lugar. A margem de vitória de Trump, inclusive, bateu um recorde: até então, a maior diferença entre primeiro e segundo colocados no estado, em uma prévia sem a participação de um presidente em exercício, era de 13 pontos, quando Bob Dole venceu George H. W. Bush em 1988.
No discurso de vitória, o ex-presidente ofendeu rivais, deu declarações xenófobas e já se comportou como o candidato vitorioso: “a grande noite será em novembro, quando retomarmos o nosso país”, disse. Trump responde a 91 acusações criminais em 3 estados e no Distrito de Columbia, uma delas por sua participação na invasão do Capitólio em janeiro de 2021.
O resultado de Trump em Iowa, embora esmagador, não chegou a ser uma surpresa, já que ele vinha liderando todas as pesquisas de intenção de voto. Para Emily Baer, professora de Ciências Políticas da Universidade de New Hampshire, o magnata leva vantagem frente aos concorrentes porque já foi presidente e por contar com uma base eleitoral ideologicamente sólida.
“Donald Trump tem um histórico no qual ele pode concorrer. Para muitos conservadores de linha dura, há muitos pontos de orgulho”, explicou ao Brasil de Fato. Dentre os pontos, a professora destacou a escolha de três juízes da Suprema Corte que ajudaram a reverter recentemente a legalização do aborto. “Isso é algo que, para muitos evangélicos – e existem muitos deles em Iowa – foi incrivelmente importante. É algo que eles veem como uma conquista e esperam que ele possa conquistar mais no futuro, caso seja reeleito”, afirmou.
Flickr
Rivais do ex-presidente Donald Trump apostam em New Hampshire para vencer primárias
Próxima parada: New Hampshire
No entanto, New Hampshire e Iowa são dois estados muito diferentes e isso vale inclusive para o eleitorado republicano. Com maior diversidade e menor número de evangélicos, os eleitores tendem a ser mais moderados e menos conservadores – algo que, em princípio, ajudaria Haley.
De acordo com as pesquisas, a ex-embaixadora dos EUA na ONU poderia ser a única ameaça a Trump nessas eleições, já que ela aparece nas pesquisas com uma média de 30% das intenções de voto contra 43% do ex-presidente. Em terceiro lugar, correndo por fora, está Ron DeSantis, com menos de 6%.
“Em prévias presidenciais a gente geralmente fala de coisas como impulso político e expectativas. Em Iowa, Trump, se não superou, pelo menos atingiu as expectativas que ele tinha”, afirmou Baer. “Existiam expectativas criadas pela campanha da Nikki Haley e pela mídia que ela poderia representar um desafio um pouco maior, ou que pelo menos ficaria em segundo lugar, um pouco mais próxima de Trump, mas ela não atingiu essas expectativas”.
Após a votação em Iowa, a pré-candidata fez uma sinalização aos descontentes com Biden e Trump, a maioria dos estadunidenses: “a nossa campanha é a última esperança de acabar com o pesadelo Trump-Biden”.
“Existe um movimento, ou uma campanha, se preferir, de alguns candidatos republicanos mais moderados tentando fazer com que democratas do estado de New Hampshire mudem a sua identificação partidária para republicana para que possam votar na semana que vem, nas prévias”, contou Emily Baer. Segundo a pesquisadora, isso viria de um temor por parte de democratas e republicanos em ter Trump de volta na Casa Branca ou, até mesmo, nas eleições.
“Existem poucos milhares de democratas que a gente sabe que fizeram isso, então é um número relativamente pequeno. A disputa teria que ser muito acirrada entre os candidatos republicanos para que esses democratas fizessem, de fato, uma diferença”, pondera.