O julgamento de um crime que chocou os Estados Unidos ano passado teve um desfecho amargo para os familiares e amigos do jovem Trayvon Martin. O ex-vigilante voluntário George Zimmerman, de 29 anos, foi declarado neste sábado (13/07) inocente das acusações de assassinato em segundo grau e homicídio involuntário após atirar em 2012 na Flórida (EUA) contra o adolescente negro desarmado.
Efe
Manifestantes que acompanhavam julgamento em Sanford, Flórida, reagem ao veredito. Morte de Martin foi considerada caso de racismo
Após 16 horas de deliberações, o júri, composto por seis mulheres, chegou ao veredicto unânime de inocente pelas acusações e o entregou por escrito à juíza encarregada do caso, Debra Nelson. O júri deliberou durante dois dias e estudou as duas acusações contra Zimmerman. Ele pediram à juíza uma lista com as provas numeradas e suas correspondentes descrições que foram exibidas no processo judicial.
Zimmerman, cuja mãe é peruana, foi acusado de racismo pelos disparos contra Martin. Ele poderia ter sido condenado à prisão perpétua caso fosse declarado culpado de assassinato em segundo grau, e de até 30 anos de prisão pelo de homicídio involuntário. Durante as duas semanas de sessões, o júri escutou várias testemunhas, incluindo policiais, legista e vizinhos da cidade onde aconteceu o fato que comoveu os EUA e polarizou a opinião pública e os meios de comunicação do país.
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Nenhuma das testemunhas que compareceu no julgamento de quase cinco semanas viu como o fato aconteceu. Martin era estudante de bacharelado em um colégio da cidade de Miami Gardens, próxima a Miami. A Promotoria tinha retratado Zimmerman como alguém que “se achava um policial”, que “fez justiça com as próprias mãos”, quando viu Martin caminhando na chuva, e presumiu que o rapaz “não era nada bom”.
O promotor Bernie de la Rionda descreveu Martin como um “rapaz inocente de 17 anos” a quem Zimmerman “identificou como um criminoso”, perseguiu-o, após evitar a recomendação da Polícia, brigou com ele e o matou com um tiro à queima-roupa “porque quis”. No tempo de refutação dado na sexta à Promotoria, o promotor John Guy fez uma emotiva apelação ao bom senso e ao coração do júri e pediu “justiça” para Martin.
Mas sobre as considerações e decisão final do júri pesou mais o relato dos fatos exposto pela defesa de Zimmerman, que tinha defendido a inocência deste com o argumento de que agiu em defesa própria e pedido a absolvição das acusações. Mark O'Mara, advogado do vigilante de bairro voluntário, lembrou ao júri na exposição dos argumentos de fechamento que uma “dúvida razoável” que Zimmerman só tentou se defender era suficiente para declarar seu cliente inocente das acusações.
A versão de Zimmerman sobre sua atuação em defesa própria se fundamentou em que Martin lhe deu um soco no nariz, o empurrou e, ao cair no chão, o rapaz se sentou sobre ele e começou a bater nele e sacudir sua cabeça contra o chão, por isso que teve que atirar. O ex-vigilante voluntário manteve sempre que atirou em defesa própria contra Martin, que retornava de noite para a casa da namorada de seu pai e caminhava por Sanford, no centro da Flórida, com o capuz do suéter na cabeça, o que despertou as suspeitas de Zimmerman.