O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta sexta-feira (03/03) que seu país está preparando medidas para evitar novos atos de sabotagem promovidos pelos Estados Unidos e aliados europeus contra seus gasodutos.
A declaração, manifestada em coletiva durante a cúpula de chanceleres do G20 realizada em Nova Délhi, capital da Índia, foi uma resposta a questão sobre o atentado contra o gasoduto Nord Stream, ocorrido em julho de 2022. Uma reportagem recente do jornalista norte-americano Seymour Hersh acusa os governos dos Estados Unidos e da Noruega de estarem por trás do atentado.
Para Lavrov, situações como a do Nord Stream evidenciam que os Estados Unidos “agem não só para tentar destruir a Rússia mas também para fazer da Europa um ator menor [no cenário internacional] e eliminar sua vantagem competitiva, cortando qualquer tipo de vínculo econômico entre a Rússia e a União Europeia”.
O chefe da diplomacia russa enfatizou que quando Washington declara um país como ameaça aos seus interesses nacionais o objetivo é destruir esse país. “Aconteceu com a Iugoslávia, a Líbia, o Iraque e a Síria, e agora é a vez da Rússia”.
‘Circo’ contra a Rússia
Durante a reunião de chanceleres do G20, Lavrov foi incisivo ao acusar os Estados Unidos de tentar usar o evento para reunir mais apoio para sua campanha de desprestígio contra a Rússia.
TASS
Lavrov criticou países europeus por não investigarem o atentado ao gasoduto NordStream de forma rigorosa
“Gostaria de pedir desculpas à presidência indiana e aos colegas dos países do Sul global pelo comportamento impróprio de várias delegações ocidentais que transformaram o trabalho na agenda do G20 em um circo, tentando transferir a responsabilidade por suas falhas na política econômica e outras, principalmente à Rússia”, protestou o funcionário do Kremlin.
Lavrov também acusou os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de se prestarem “ao vexaminoso papel de provocar uma ‘degradação’ dos princípios das relações econômicas, e buscando transformá-las em uma arma geopolítica”.
Parceiros confiáveis e não confiáveis
Segundo o chanceler russo, o Kremlin não confiará “em nenhum parceiro do Ocidente, não permitiremos outra explosão de um gasodutos e tomaremos as medidas necessárias para que assim seja”.
O diplomata também assegurou que Moscou busca “fortalecer as relações com parceiros confiáveis” em temas relacionados a políticas energéticas, e deu a entender que China e Índia, também membros dos BRICS [junto com Brasil, África do Sul e a própria Rússia] seriam dois desses parceiros.
Lavrov também usou a coletiva para cobrar novamente uma investigação rigorosa sobre as responsabilidades pela explosão do Nord Stream. “Pedimos essa investigação há semanas, e curiosamente ela foi rejeitada”, ironizou o chanceler.