O ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic foi condenado nesta quinta-feira (24/03) pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia a 40 anos de prisão por genocídio no massacre de Srebrenica e por crimes de guerra cometidos durante a Guerra da Bósnia (1992-1995).
Agência Efe
Ex-líder sérvio-bósnio foi condenado por dez dos 11 crimes dos quais era acusado, incluindo genocício em Srebrenica
Em decisão histórica da corte internacional sediada em Haia, na Holanda, os juízes declararam o ex-comandante das Forças Sérvias na Bósnia culpado por dez dos 11 crimes dos quais era acusado.
Forças leais à República Sérvia, região com maioria étnica sérvia da atual Bósnia e Herzegovina, foram as responsáveis pelo massacre de Srebrenica, que deixou oito mil bósnios muçulmanos mortos, incluindo crianças. O presidente do tribunal, O-Gon Kwon, afirmou que “o acusado ordenou que bósnios do sexo masculinos detidos fossem transferidos para outro lugar para serem mortos. Com total conhecimento dos assassinatos em curso, Karadzic declarou um estado de guerra em Srebrenica”.
De acordo com os magistrado, Karadzic foi também diretamente responsável pelo cerco de Sarajevo, que durou 44 meses e colocou a população civil da capital bósnia sob ataque de forças sérvio-bósnias. “Era a única pessoa com poder para intervir e proteger aqueles que estavam sendo mortos”, declarou O-Gon Kwon.
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Cerca de cem sobreviventes da guerra, junto com familiares e amigos, reuniram-se do lado de fora do tribunal, enquanto os juízes, no lado de dentro, liam o veredito.
Agência Efe
Do lado de fora do tribunal, organizações pressionavam para a condenação de Radovan Karadzic
Para o alto comissário das Nações Unidas para os direitos humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, a condenação é “extremamente importante”. Segundo Hussein, “a mensagem do processo é que ninguém está acima da lei”.
Defesa
De acordo com o advogado de defesa, Peter Robinson, Karadzic estava surpreso com a condenação pois não se sentia responsável pelos crimes. “Ninguém realmente ganhou com o julgamento de hoje”, disse o advogado. Robinson afirmou que seu cliente recorrerá da decisão, em um processo que pode levar até três anos.
Karadzic foi indiciado em 1995, mas ficou foragido até 2008, quando foi preso. Hoje com 70 anos, segue afirmando que seu objetivo era proteger os sérvios durante o conflito. Em entrevista ao site Balkan Investigative Reporting Network na quarta-feira (23/03), Karadzic alegou inocência. “Eu sabia o que eu queria, o que eu fiz, até mesmo o que eu sonhei, e não há um tribunal razoável que possa me condenar”, disse.
A Guerra da Bósnia envolveu muçulmanos bósnios, sérvios e croatas, depois da separação de Bósnia e Herzegovina da Iugoslávia em 1992. Segundo dados do Centro de Pesquisa e Documentação de Sarajevo (RDC), cerca de 97 mil pessoas morreram durante o conflito.