O ex-presidente francês François Hollande gerou polêmica na Europa por uma entrevista para um meio de comunicação ucraniano, na qual ele admite que o Acordos de Minsk, assinado em 2015, tinham como objetivo apenas ganhar tempo enquanto o Ocidente reforçava Kiev militarmente para fazer frente à Rússia.
“Desde 2014, a Ucrânia fortaleceu sua postura militar. De fato, o Exército ucraniano [de 2022] é completamente diferente daquele de 2014. Está melhor treinado e equipado. Essa oportunidade ao exército ucraniano foi alcançada graças aos Acordos de Minsk”, reconheceu Hollande.
A revelação ocorre poucas semanas depois de a ex-chanceler da Alemanha, Angela Merkel, fazer a mesma afirmação: o tratado firmado na capital da Bielorrússia em fevereiro de 2015 foi uma artimanha pensada para ganhar tempo com o objetivo de reforçar as Forças Armadas da Ucrânia.
“A cada mês, [o ex-presidente ucraniano] Petr Poroshenko, Angela Merkel, Vladimir Putin e eu tínhamos longas conversas telefônicas nas quais trocávamos informações sobre o progresso dos protocolos de Minsk”, acrescentou Hollande.
Presidência da Rússia
Lukashenko [Bielorrússia], Putin [Rússia], Merkel [Alemanha], Hollande [França] e Poroshenko [Ucrânia], após assinatura dos Acordos de Minsk
François Hollande governou a França entre 2012 e 2017. Sua declaração é mais pertinente que a de Merkel, já que seu país, justamente durante a sua gestão, foi um dos moderadores dos Acordos de Minsk.
Também vale destacar que os Acordos de Minsk, ao menos no papel, afirmavam que o objetivo era implementar um cessar-fogo no Leste da Ucrânia. Entre os parâmetros estabelecidos estavam normas que garantiam certa autonomia às regiões do Donbas [Donetsk e Lugansk], de maioria étnica russa.