O ex-produtor de cinema Harvey Weinstein foi preso nesta segunda-feira (24/02) depois de ser declarado culpado de agressão sexual e estupro de duas mulheres. A Justiça norte-americana, entretanto, o absolveu da acusação de “comportamento sexual predatório”. O veredito representa a primeira vitória parcial nos tribunais do movimento #MeToo.
Após quase um mês de julgamento e cinco dias de debates, o júri considerou Weinstein culpado de estupro em terceiro grau da ex-atriz Jessica Mann, em 2013, e de praticar sexo oral na ex-assistente de produção Mimi Haleyi, em 2006. Weinstein pode pegar até 25 anos de prisão, mas o tempo exato será determinado pelo juiz James Burke, que presidiu o julgamento, até o dia 11 de março. Weinstein aguardará a decisão atrás das grades.
O ex-produtor de 67 anos não foi considerado culpado das duas acusações mais graves, de comportamento sexual predatório e de estupro em primeiro grau. Por essa razão, ele não corre o risco de pegar prisão perpétua. Os jurados demoraram cinco dias para chegar a uma decisão por unanimidade, a condição necessária para pronunciar um veredito.
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Eles tiveram que se concentrar no testemunho de três mulheres, entre as mais de 80 que acusaram Weinstein de assédio ou agressão sexual. Durante todo o processo, a defesa buscou tirar o crédito do testemunho das três mulheres. Eles mostraram uma série de e-mails mostrando que Mimi Haleyi e Jessica Mann mantiveram o contato com Weinsten por iniciativa própria, depois dos abusos. Mann teria até mesmo aceitado manter relações sexuais com o ex-produtor até 2016.
Wikicommons
Weinstein foi condenado por estupro e agressão sexual
“Um estupro é um estupro”, diz procurador
“Não era uma relação”, insistiu a procuradora Joan Illuzzi-Orbon durante o julgamento. “Jessica Mann era a boneca de pano de Harvey Weinstein”, disse. A atriz disse que aceitou o abuso por “medo”. Já Mimi Haleyi contou que teve relações com Weinstein duas semanas após estupro, sem resistir, para manter “uma relação profissional”.
A defesa usou esses fatos para argumentar que elas cediam aos caprichos do ex-produtor para obter uma oportunidade de atuar em Hollywood, mas não convenceu a procuradora. “Elas sacrificaram sua dignidade, sua intimidade, seu silêncio, na esperança de serem ouvidas”, disse Illuzzi-Orbon, lembrando que nenhuma delas pediu indenização.
A Justiça de Manhattan estimou que as seis mulheres que testemunharam contra Weinstein tinham “mudado o curso da história”. “Um estupro é um estupro, seja ele cometido em uma rua sombria, ou por um parceiro durante uma relação íntima. É um estupro mesmo se não haja nenhuma prova material ou aconteceu há muito tempo”, disse o procurador de Nova York, Cyrus Vance, na saída do tribunal.