As eleições para o Senado ocorridas no domingo (24/09) na França renovaram quase a metade dos representantes do plenário, sem alterar o equilíbrio de forças anterior à votação. A direita permanece majoritária na Câmara alta do Legislativo, pelo menos nos próximos três anos, enquanto o Partido Socialista se manteve como a segunda maior bancada. De acordo com os resultados, a principal mudança foi a eleição de três senadores de extrema direita.
A votação indireta de domingo renovou 170 das 348 cadeiras do Senado francês. A extrema direita proclama 'uma grande vitória' após a publicação dos resultados. Mas longe de eleger 88 parlamentares, como fez na Assembleia de Deputados, o partido Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, conseguiu emplacar apenas três senadores, nos departamentos le Pas-de-Calais, le Nord et la Seine-et-Marne.
Antes da votação de domingo, o RN contava com um representante na Câmara alta, Stéphane Ravier, senador de Bouches-du-Rhône. No entanto, Ravier abandonou a sigla no ano passado para ingressar na legenda nacionalista xenófoba adversária, o partido Reconquista, fundado pelo controvertido jornalista Éric Zemmour.
Como era esperado, a direita dominou a votação, conquistando 77 assentos do total em disputa, chegando à frente da esquerda e dos governistas. Os vencedores são, em sua maioria, representantes reeleitos pelo partido da direita clássica Os Republicanos (LR), que permanece a principal bancada do Senado francês. Na nova composição, as diversas siglas de direita terão 200 dos 348 senadores do plenário.
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Votação indireta de domingo renovou 170 das 348 cadeiras do Senado francês
O Senado “continuará a ser o contrapeso essencial para a democracia”, disse Gérard Larcher, presidente da instituição, que foi reeleito em Yvelines. “Em um contexto político marcado pela ausência de maioria na Assembleia Nacional, mais do que nunca o Senado encarna esse polo de estabilidade, esse ponto de equilíbrio da República diante da profunda crise que nosso país atravessa”, declarou em um comunicado à imprensa.
Esquerda avança
O Partido Socialista manteve o mesmo número de senadores que tinha antes da votação: 64. Mas graças a uma aliança costurada com comunistas e ecologistas, a bancada de esquerda cresceu de 91 para 96 representantes. Entre os nomes de projeção nacional eleitos estão o ecologista Yannick Jadot, que disputou a eleição presidencial em 2022, e o comunista Ian Brossat, encarregado da gestão de alojamento de urgência e proteção de refugiados na prefeitura de Paris. O partido de esquerda radical França Insubmissa, cada vez mais isolado das demais legendas progressistas, não elegeu representantes.
Para o presidente Emmanuel Macron, as eleições senatoriais demonstraram mais uma vez as dificuldades de seu partido Renascença em promover lideranças de projeção nacional. A bancada dos governistas e aliados sai enfraquecida da votação, reduzida a um grupo de 20 senadores. O único senador macronista de Paris, Julien Bargeton, foi derrotado no pleito indireto. Já a secretária de Estado para Cidadania, Sonia Backès, que disputava uma vaga no Senado pela Nova Caledônia, perdeu para um concorrente independentista e provavelmente deixará o governo.
As eleições para a renovação do Senado francês acontecem a cada três anos. A próxima votação para a escolha de 178 senadores irá acontecer em 2026. Os mandatos são de seis anos.