Partidos e representantes da extrema direita da União Europeia apresentaram uma declaração conjunta nesta sexta-feira (02/07) na qual propõem uma aliança no Parlamento Europeu para “ter mais influência nos debates e na reforma da UE”.
“A UE está se tornando cada vez mais um instrumento de forças radicais que desejam realizar uma transformação cultural e religiosa para alcançar a construção de uma Europa sem nações, visando a criação de um superestado europeu”, acusa a “Carta dos Valores Europeus”, assinada em Bruxelas.
O documento conta com 16 signatários, incluindo os partidos italianos Liga, do ex-ministro do Interior Matteo Salvini, e os Irmãos da Itália (FdI), de Giorgia Meloni, além da líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, o líder do polonês Direito e Justiça, Jaroslaw Kaczynski, e o líder do espanhol Vox, Santiago Abascal.
O grupo defende uma Europa que respeite os povos e nações, principalmente no momento em que visa “a destruição ou anulação de tradições”, “a transformação das instituições sociais básicas e dos princípios morais”.
“As instituições da UE resultaram em uma tendência perigosa de impor um monopólio ideológico. Estamos convencidos de que a cooperação das nações europeias deve basear-se na tradição, respeito pela cultura e história das nações europeias”, acrescenta o texto.
Os representantes da extrema direita ainda reafirmam a “convicção de que a família é a unidade básica” dos países, tendo em vista que a “Europa enfrenta uma grave crise demográfica com taxas baixas de natalidade e envelhecimento da população”. “A política a favor da família deve ser a resposta à imigração em massa”.
Em comunicado junto com a carta oficial, Le Pen ressalta que a “União Europeia continua a seguir o caminho federalista que a afasta inexoravelmente dos povos que estão no coração da nossa civilização”.
Kobi Gideon/GPO
Primeiro-ministro da Hugria, Viktor Orbán é acusado de violar os direitos de minorias e de atacar a liberdade de imprensa
“No momento em que os globalistas e europeístas, dos quais Emmanuel Macron é o principal representante na França, lançam a Conferência sobre o Futuro da Europa, que visa aumentar o poder dos organismos europeus, o acordo de hoje é a primeira pedra para a constituição do uma grande aliança no Parlamento Europeu”, ressalta a francesa.
Para a extrema direita da UE não é possível “aceitar que os povos sejam submetidos à ideologia burocrática e tecnocrática de Bruxelas, que impõe os seus padrões em todos os aspectos da vida cotidiana”.
A carta conjunta é divulgada após os líderes de 16 dos 27 Estados-membros da União Europeia divulgaram um documento no qual alertam para “ameaças contra os direitos fundamentais” de homossexuais no bloco.
Embora sem citá-la explicitamente, o texto é uma clara mensagem à Hungria, integrante da UE e que aprovou recentemente um projeto de lei que proíbe a “promoção” da homossexualidade para menores de idade.
A nova legislação, porém, provocou reações negativas em diversos países da UE, apesar de ser apoiada por Orbán, já acusado de violar os direitos de minorias e de atacar a liberdade de imprensa e do poder Judiciário.