As eleições constituintes do Chile neste domingo (07/05) tiveram não só uma vitória da ultradireita como um todo, mas especialmente a vitória de um partido, o Partido Republicano, de extrema direita.
A legenda liderada por José António Kast, segundo colocado nas eleições presidenciais de 2021, concorreu sozinha nesta disputa, em uma lista separada dos partidos de direita tradicionais, como a União Democrata Independente (UDI) e Renovação Nacional (RN), e mesmo assim obteve 3,4 milhões de votos, equivalentes a 34,4%.
Com isso, os republicanos garantiram 23 votos no Conselho Constituinte que escreverá a nova constituição chilena.
Assim, o Partido Republicano, apologista da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), será a principal força no processo que busca substituir a Carta Magna imposta por aquele regime em 1980. Também chama atenção que essa vitória pinochetista acontece no ano em que o golpe de Estado de 1973 contra o presidente socialista Salvador Allende completa 50 anos.
A direita como um todo, unindo republicanos e os partidos da direita tradicional, obtiveram 34 cadeiras no total. Os partidos UDI, RN e Evópoli (Evolução Política, dissidência do RN), competiram em uma só lista, a da coalizão Chile Seguro, e reuniram 16,1% dos votos – cerca de 2 milhões de votos totais, ficando com 11 vagas no Conselho.
Partido Republicano do Chile
Já a coligação governista Unidade para Chile, que concentra o Partido Comunista, o Partido Socialista, a Frente Ecologista Verde e a Frente Ampla [esta última, a legenda na qual milita o presidente Gabriel Boric], teve 27,6, cerca 2,9 milhões de votos totais.
Com esse resultado, a aliança de esquerda e só conseguiu eleger 16 dos 50 membros do Conselho Constituinte.
Os partidos de centro que apoiaram Boric no segundo turno de 2021, como a Democracia Cristã (DC) e o Partido Pela Democracia (PPD) resolveram competir em uma lista separada, a Todos Pelo Chile, que obteve 7,9% dos votos e não elegeu ninguém.
O mesmo aconteceu com o Partido da Gente (PDG), legenda ultraliberal do economista Franco Parisi, terceiro colocado nas eleições de 2021, mas que desta vez amargou uma votação bem pior: 4,9% das preferências e nenhum representante eleito.
O Conselho Constitucional eleito com maioria de direita terá até o mês de outubro para escrever a nova Constituição chilena. A partir de novembro começa a campanha, e o plebiscito a ser realizado no dia 17 de dezembro, no qual a população vai decidir se ratifica ou não o texto elaborado.