Representantes das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) afirmaram nesta sexta-feira (03/05), em Havana, no término do oitavo ciclo das negociações de paz com o governo colombiano, que a guerrilha está disposta a revisar eventuais erros cometidos durante as décadas de conflito armado no país.
No entanto, eles foram enfáticos em dizer que não pedirão perdão e que quem deve fazer isso é o governo. As negociações entre governo e guerrilha se desenvolvem na capital cubana desde 19 de novembro.
“Dissemos que estamos dispostos a revisar qualquer erro que tenha sido cometido no desenvolvimento do conflito e da resistência armada, a que nos obrigou o terror das elites no poder em função da reconciliação”, afirma um comunicado lido por Iván Márquez, chefe da equipe de representantes e segundo em comando da guerrilha.
Em referência ao governo e aos setores no poder, acrescentou que nenhum deles tem “autoridade moral” para julgar o grupo.
Márquez pediu para o “povo colombiano mobilizado pela paz” a não tolerar tentativas de “sabotar os esforços de reconciliação e os avanços ostensivos na construção do acordo.
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“Coloquemos nas mãos da Assembleia Nacional Constituinte, do povo que é soberano, as decisões que devem formar o tratado de paz de que a Colômbia necessita”, afirmou Márquez,
“Nos corresponde defender, com corpo e alma, a solução política do conflito social e armado. As FARC estão cheias de otimismo e determinação”, afirmou o guerrilheiro. Ele também comentou as exigências que alguns meios fazem para que as FARC peçam perdão por seus atos: “Perdão deve implorar um Estado que suprimiu tantos seres humanos de maneira desalmada com sua política econômica”, disse. “Um governo democrático não persegue, nem reprime a opção política. Educa os cidadãos e os militares na cultura da tolerância. Não permite o assassinato de quem demanda suas terras violentamente usurpadas”.
A agenda da mesa de conversas, centradas até agora principalmente no tema agrário, inclui temas como a participação política, a assistência para as vítimas e a solução ao problema das drogas ilícitas, entre outros.
O diálogo de paz entra em um recesso até o dia 13 de maio. Declarações das partes geraram expectativas na opinião pública colombiana e internacional em torno a aproximação de um acordo sobre a questão agrária, que permitirá passar para o tema da participação política.