As FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) anunciaram nesta terça-feira (18/11) que o general Ruben Darío Alzate, desaparecido desde domingo (16/11), e mais duas pessoas, foram capturadas por integrantes da guerrilha colombiana. Mesmo após a confirmação, as FARC pedem que o presidente colombiano volte atrás e mantenha os Diálogos de Paz. As negociações entre FARC e governo haviam sido suspensas unilateralmente pelo presidente Juan Manuel Santos no domingo, após o sumiço do militar.
Agência Efe
O comandante das FARC, Félix Antonio Muñoz Lascarro, leu o comunicado emitido pela guerrilha nesta terça
Durante coletiva de imprensa, na qual foi lido um comunicado, a guerrilha defendeu que seja acordado um cessar-fogo bilateral entre as partes e justificou que o histórico do general Alzate em ações contra a guerrilha faz com que ele tenha “contas a acertar” com a “justiça popular”, uma vez que ele comandava a “Força Tarefa Conjunta, estrutura desenhada pelos comandos militares do Pentágono para a guerra” contra a insurgência.
Além da captura de Alzate, as FARC confirmaram que estão com outras pessoas: o capitão do Exército Jorge Rodríguez Contreras e a advogada Gloria Urrego. Todos foram capturados pela Frente 34 da guerrilha, após verificarem que os indivíduos que transitavam em uma zona de conflito com trajes civis eram, na verdade, parte do “Exército inimigo”, como apontou o comunicado da guerrilha.
Os integrantes das FARC pediram ainda que o ministro de Defesa, Juan Carlos Pinzón, esclareça de maneira “mais crível” o que o general fazia naquela região controlada pela guerrilha vestido como civil e sem armas. A justificativa foi de que Alzate fazia um estudo sobre energia, mas de acordo com as FARC, “a região é plana e não há como fazer ali uma hidrelétrica”, como dito pelo governo.
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Em resposta às críticas por ter capturado oficiais colombianos em meio às negociações de paz em Havana, as FARC ressaltaram que o presidente Santos tem afirmado reiteradas vezes que “vamos negociar como se não houvesse terrorismo e vamos combater terroristas como se não houvesse negociação de paz”. Além disso, lembraram que Pinzón afirma frequentemente que “estão para cair as cabeças dos comandantes guerrilheiros”.
“Respeitamos a vida e a integridade física e moral de nossos prisioneiros e estamos plenamente dispostos a garantir até onde nos seja permitido”, e ressaltaram ainda, durante a divulgação do comunicado, que “estão subordinados às decisões que adotem as instâncias superiores das FARC” e que a mesa de diálogos em Havana é autônoma e independe dos acontecimentos que ocorram foram dela.
Nesta segunda-feira (17/11), o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou que “o compromisso das FARC com a paz está sendo colocado à prova” e ressaltou que os negociadores de seu governo não viajarão a Cuba até que o general e os outros dois prisioneiros sejam soltos.
Nesta quarta-feira (19/11) será realizado um ato em Bogotá, capital da Colômbia, convocado por movimentos sociais, para respaldar a continuidade dos Diálogos de Paz. A esquerda do país, liderada pela ex-senadora Piedad Córdoba, pede que o sequestro não seja utilizado como “pretexto” para o fim das negociações.