Nesta terça-feira (04/11), os eleitores norte-americanos vão às urnas para renovar a totalidade dos 435 assentos da Câmara de Representantes, 36 cadeiras no Senado (um terço da casa) e 36 governadores estaduais.
Desde o início, a campanha foi tida como uma corrida monótona e com poucos atrativos. Analistas chegaram a classificá-la como a “menos importante em anos”, o que também se reflete entre o eleitorado — apenas 35% dos eleitores estão mais empolgados do que o normal com o pleito de hoje, muito abaixo dos 53% em 2010.
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Um dos motivos pelos quais a campanha gerou menos interesse na cena política dos EUA talvez seja pelo fato de que é uma corrida aparentemente previsível. Pesquisas indicam com algum grau de segurança que o Partido Republicano deverá manter a maioria na Câmara e ainda conseguir tirar das mãos democratas o Senado.
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Para além das pesquisas de opinião, há alguns motivos “intrínsecos” a esta edição das “midterms”, como são chamadas as eleições na metade do mandato presidencial, que podem explicar por que os republicanos aparecem com tanta vantagem no pleito. Conheça quatro deles abaixo.
1) Perfil do eleitorado favorece os republicanos
Uma análise dos dados eleitorais pleito após pleito mostra que o perfil do eleitorado norte-americano varia a cada dois anos. Na escolha do presidente é um (favorece os democratas) e nas chamadas “midterms”, outro (favorece os republicanos). Os simpatizantes do Partido Republicano tendem a ser mais velhos e brancos, quando comparados aos eleitores do Partido Democrata, que faz mais sucesso entre jovens e minorias.
Acontece que, estatisticamente, o perfil das pessoas que vão às urnas nas eleições legislativas bate com os simpatizantes republicanos. Brancos com mais de 30 anos de idade representaram 69,9% do eleitorado nas 'midterms' de 2010. Em 2012, na reeleição de Obama, foram apenas 64,0%. Entre os votantes com mais de 65 anos, acontece o mesmo; foram 21% em 2010 e 16% no pleito seguinte.
2) 'Midterms' dão vantagem à oposição
Novamente, a série histórica favorece o Partido Republicano. Quase sempre o partido governista, que ocupa a Casa Branca, é derrotado nas eleições legislativas, em particular na Câmara de Representantes. Apenas em três ocasiões, todas sob contexto especial, o partido da Presidência ganhou assentos legislativos: 1934 (durante a recessão econômica da Grande Depressão), 1998 (após fracassada tentativa de impeachment contra o presidente Bill Clinton) e 2002 (depois dos atentados de 11 de Setembro contra as Torres Gêmeas). Apelidado de “punição da metade do mandato”, não há explicações conclusivas sobre o porquê do fenomeno.
3) Geografia eleitoral
O desenho geográfico-eleitoral do pleito legislativo também favorece os republicanos. No sistema de voto distrital adotado nos EUA, cada estado é dividido em pequenos distritos. Por exemplo, a população da Pensilvânia tem direito a 18 deputados; assim, o território é dividido em 18 pequenas partes que escolhem, por eleições majoritárias simples, cada representante.
Agência Efe
Eleitores fazem fila para preparar uma “cola” na Georgia
Eleitores democratas estão mais concentrados em distritos urbanos densamente povoados; já os republicanos vivem mais espalhados pelo território, em distritos rurais. Este fenômeno torna mais fácil que republicanos se espalhem por diversos distritos, fazendo com que os democratas fiquem confinados em poucos e “desperdicem” seus votos em candidatos favoritos.
O resultado é uma distorção na contagem final: em 2012, nas últimas eleições para a Câmara dos Representantes (o mandato de deputado dura dois anos nos EUA), o Partido Democrata ganhou 1,4 milhão a mais de votos do que os republicanos, mas conquistaram apenas 201 cadeiras, contra 234 que caíram nas mãos republicanas.
4) A matemática pende para os republicanos
No Senado, onde apenas um terço dos assentos será renovado, a história é outra. Como o mandato é de seis anos, a Casa colocará em disputa os senadores eleitos em 2008, quando os democratas venceram. Assim, no pleito de hoje, o partido de Obama terá que defender muito mais — das 36 cadeiras em disputa, 21 são democratas e 15, republicanas. Assim, por uma questão matemática, os republicanos têm mais oportunidades para ganhar assentos do que os democratas. Os jornalões do país, The New York Times e Washington Post, dão 67% e 61%, respectivamente, de chances dos republicanos conquistarem maioria também no Senado no pleito de hoje.