Os irmãos Marcela e Felipe Noble Herrera, filhos adotivos da dona do jornal argentino Clarín, fizeram testes de DNA nesta sexta-feira (24/06) no Banco Nacional de Datos Genéticos (BNDG) do hospital Durand, de Buenos Aires, em cumprimento a uma ordem judicial.
Há oito anos, a verdadeira identidade de Marcela e Felipe é questionada por organizações defensoras de direitos humanos na Argentina, principalmente a Associação das Avós da Praça de Maio.
Durante a última ditadura argentina (1976-1983), muitos filhos de prisioneiros políticos e desaparecidos foram adotados ilegalmente por militares ou por simpatizantes do regime. Com a redemocratização, entidades de direitos humano e movimentos como as Mães e as Avós da Praça de Maio lutaram para reencontrar as crianças tiradas das famílias. Até agora, 101 pessoas foram localizadas.
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“Depois de dez anos de adiamentos, cumpre-se hoje a lei”, disse à imprensa Alan Iud, um dos advogados da organização Avós da Praça de Maio, que lidera a causa.
O advogado de defesa dos irmãos, Héctor Silva, por sua vez, disse que esta foi iuma “decisão pessoal” de Marcela e Felipe para “terminar com esta dúvida, que os gerou polêmica e tristeza tanto a eles como para sua mãe”, Ernestina Herrera de Noble.
Há uma semana, os irmãos já haviam mostrado disposição de submeter-se ao teste, com extração de sangue e saliva.
A decisão, porém, foi anunciada pouco depois de o Tribunal de Cassação ter confirmado uma resolução sobre a submissão deles ao teste, de forma obrigatória, como autoriza a lei.
A medida foi tomada dez anos depois do início do processo, que inclui a detenção, em 2003, por algumas horas, de sua mãe adotiva.
Nesta sexta-feira, os irmãos chegaram ao hospital de carro, protegidos por guarda-costas e em meio a uma forte operação de segurança. O resultado, segundo a imprensa argentina, sairá em três e quatro semanas.
Estima-se, segundo as Avós da Praça de Maio, que cerca de 500 crianças, filhos de desaparecidos, foram roubados e entregues à adoção ilegal durante a ditadura, dos quais 103 recuperaram sua identidade. Segundo organismos de direitos humanos, 30 opositores desapareceram durante o regime.
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