A Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) denunciou na noite desta quinta-feira (22/07) que o pedido de prisão feito contra o ex-presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén (2014-2019), e a detenção de outros membros do partido configuram “perseguição política”.
O objetivo, segundo o secretário-geral da FMLN, Óscar Ortiz, é “silenciar vozes críticas, ameaçar todo tipo de oposição e, acima de tudo, o que nunca pensamos que voltaria a El Salvador, a perseguição política aos que se opõem ao grupo dominante”.
Foram detidos a ex-ministra da Saúde, Violeta Menjívar; a ex-vice-ministra da Ciência e Tecnologia, Erlinda Hándal; o ex-vice-ministro da Agricultura Hugo Flores; e o ex-deputado Calixto Mejía. Há mandados de prisão pendentes para outros quatro ex-ministros.
A maneira como as prisões foram feitas apontam para arbitrariedades. A ex-ministra Menjívar foi detida por homens que estavam em um veículo particular; por sua vez, o ex-vice-ministro da Agricultura foi preso sob a alegação de que dirigia um carro roubado.
Pelo Twitter, a FMLN exigiu a libertação dos detidos, bem como a conclusão dos processos correspondentes. “Denunciamos a arbitrariedade dessas prisões. O princípio da inocência e do devido processo prevalece antes de qualquer denúncia”, disse o partido.
Um dos membros da Comissão Política da FMLN, Fernando Acuña, alertou sobre a situação e afirmou que “o regime [do presidente Nayib Bukele] tem mostrado que não respeita o devido processo legal”.
“Estamos cientes de que os direitos das companheiras Violeta Mejívar e Erlinda Hándal não foram garantidos. Como FMLN, pedimos que os direitos de nossas companheiras sejam respeitados e este ato condenável seja transparente”, disse.
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FMLN denuncia que pedido de prisão contra Sánchez Cerén configura perseguição política
Acusações
A Procuradoria-Geral da República (FGR) de El Salvador acusa Cerén e os outros membros do FMLN de peculato, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
Eles teriam, de acordo com os procuradores, recebido “bonificações” extras ao salário pagas com despesas reservadas exclusivamente à Presidência da República de El Salvador, no valor total estimado de 300 milhões de dólares, durante o governo de Mauricio Funes (2009-2014). Sánchez Cerén foi vice de Funes.
Autoritarismo
O governo de Nayib Bukele tem cada vez mais, segundo observadores internacionais, encarnado um espírito autoritário, – em um país traumatizado por anos de guerra civil.
Em fevereiro de 2020, por exemplo, sob ordens de Bukele, militares e integrantes da Polícia Nacional Civil (PNC) de El Salvador invadiram a sala de sessões da Assembleia Legislativa do país para “pressionar” pela aprovação de um empréstimo de US$ 109 milhões para financiar um plano de segurança. Na ocasião, em entrevista ao jornal El País, Bukele disse que a ordem para invadir o Parlamento foi “apenas um ato de presença” e afirmou que, se fosse um ditador, “teria assumido o controle de tudo”.
Em 2021, membros do poder Judiciário do país foram destituídos pela nova Assembleia Legislativa, na qual o partido de Bukele, o Nuevas Ideas (NI), tem ampla maioria.
(*) Com teleSUR