As FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) anunciaram nesta terça-feira (15/08) que manterão a sigla ao se configurarem como partido político, passando a se chamar Força Alternativa Revolucionária da Colômbia.
“Não queremos romper os vínculos com nosso passado. Fomos e seguiremos sendo uma organização revolucionária. Queremos ser a voz dos excluídos, dos sem voz, dos que vivem na miséria, a voz da gente honesta e boa da Colômbia”, disse Iván Márquez, membro do secretariado das FARC e chefe negociador dos diálogos de paz, durante celebração em Fonseca, em La Guajira, no norte da Colômbia, da retirada pela ONU do último contêiner com as armas do grupo.
Márquez disse também que, quando se transformar em partido político, as FARC terão a intenção de manter de maneira “clara e nítida” a sua “voz antissistema”, assim como levar a palavra de “quem vive nas catacumbas da miséria”.
Ele também lembrou os dois milicianos (auxiliares das FARC que não usam uniformes ou armas) assassinados recentemente após terem sido identificados como membros da guerrilha.
“Não queremos que haja mais destruição de alternativas políticas opositoras”, disse o líder guerrilheiro ao lembrar o extermínio da União Patriótica entre o fim dos anos 1980 e começo dos 90 na Colômbia. Ele instou o governo a fazer uma manifestação de responsabilidade e um compromisso mútuo de não mais guerra no país.
Agência Efe
Iván Márquez, membro do secretariado das FARC e chefe negociador dos diálogos de paz, durante evento que celebra retirada pela ONU de último contêiner com armas do grupo
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O congresso constitutivo do partido das FARC será realizado entre 27 e 31 de agosto. Na ocasião, os ex-guerrilheiros irão definir os quadros políticos e os futuros candidatos a postos eletivos na Colômbia. No momento, os 61 membros da cúpula das FARC estão construindo o manifesto político do futuro partido que será debatido no congresso no fim de agosto, que marcará o fim da guerrilha após 53 anos de conflito e o início da nova fase do grupo como uma organização legal e partícipe do sistema democrático colombiano.
ONU retira último contêiner com armas das FARC
A Missão da ONU na Colômbia retirou nesta terça-feira o último contêiner de armas dos membros das FARC, que estão em uma área de reunião, o que marcou o fim do processo de desarmamento e significa o passo definitivo para a desmobilização.
O ato foi supervisionado pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pelo chefe da missão da ONU na Colômbia, Jean Arnault, e por autoridades militares e representativas das FARC na zona transitória de normalização (ZVTN) de Pondores, em Fonseca, no norte do país.
Arnault confirmou que as FARC entregaram 8.112 armas, além de quase 1,3 milhão de cartuchos de munição que já foram incinerados.
Agência Efe
ONU na Colômbia retirou nesta terça-feira o último contêiner de armas dos membros das FARC
“Hoje, efetivamente, foi o último suspiro desse conflito. Com essas armas, com [a retirada dos] os últimos containers, o conflito realmente termina e começa uma fase nova na vida da nossa nação”, ressaltou Santos.
O presidente colocou um cadeado no container que estava a cargo de Jose Díaz, oficial da Marinha do México, e despachou o caminhão que o transportava. O destino é um galpão no centro do país, em local não especificado, onde as armas serão inutilizadas.
A partir de hoje, as 26 ZVTN se transformarão em “Espaços Territoriais de Capacitação e Reincorporação”, com programas de capacitação elaborado por distintas entidades do Estado e com acesso livre à Polícia.
As armas serão fundidas pela ONU e darão origem a três monumentos: um será colocado em Nova York, outro em Havana e o terceiro em um lugar ainda a ser definido na Colômbia.
*Com Agência Efe