Em um momento decisivo para a Venezuela, que realiza nova eleição presidencial em 14 de abril, o Foro de São Paulo se reuniu nesta segunda-feira (01/04) em Caracas para dar seu apoio à candidatura de Nicolás Maduro. Além disso, o falecido presidente Hugo Chávez foi homenageado pelos 46 membros de países e partidos políticos latino-americanos, que debateram outros temas urgentes para a região, como o processo de paz na Colômbia, e outros de caráter global, como as crises na Síria e na Península Coreana.
“Decidimos fazer a reunião em caráter emergencial, para declarar o apoio formal à candidatura de Nicolás Maduro”, afirmou a Opera Mundi Valter Pomar, secretário executivo do foro. “Mas aproveitamos para fazer um debate político de outros temas, porque há uma conexão muito clara [entre eles]. Há um agravamento do cenário internacional, do quadro de militarização”, falou. De acordo com ele, não é de interesse dos Estados Unidos nem do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe que o processo de paz tenha êxito.
Na opinião de Pomar, tanto o calendário das eleições colombianas como o internacional, “militarizado, que opera contra a paz”, devem ser levados em conta pelas FARC (Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia). “Estamos correndo contra o tempo. A cada dia que passa, a chance de a paz não ser assinada cresce”, alertou.
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Para o secretário executivo do foro, a morte de Chávez não altera as chances de paz no país sul-americano. “O governo Santos tem interesse. E vejo no governo venezuelano que a paz entre a Venezuela e a Colômbia é essencial”, disse. Ele defendeu que o alcance de um acordo colaboraria para reduzir a presença dos EUA na região e “desanuviaria o ambiente”.
As guerrilhas colombianas, para Pomar, deveriam perceber a urgência do tema. “Elas podem sobreviver 30, 40 anos. Mas não devem tirar daí a ideia de que o acordo de paz não é urgente e necessário”, defendeu.
Já sobre a tensão na Península Coreana, Pomar citou o que a seu ver se trata de uma nova estratégia norte-americana, de considerar a Ásia “como seu terreno principal por conta da China e, de tabela, dos Brics”, analisou. “Esse episódio faz parte de uma escalada para justificar uma maior presença militar que pode levar a um conflito de grandes proporções”. Uma guerra traria ganhos políticos, militares e até para a situação interna dos EUA, afirmou Pomar, mas “seria desastrosa para a humanidade”.