A mobilização contra a reforma da Previdência na França entra nesta quinta-feira (19/12) em sua terceira semana. O presidente Emmanuel Macron se disse disposto a negociar, mas os sindicatos pedem o abandono total do projeto. Os sindicalistas avisaram que não pretendem dar trégua nem durante o Natal.
Os representantes do governo se reuniram na quarta-feira (18/12) com os sindicatos, mas nenhum acordo foi concluído. Laurent Berger, líder da CFDT, a principal força sindical do país, disse após o encontro que ainda considera estar “muito, muito longe de um acordo”.
Nesta quinta-feira, o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe recebe os representantes dos funcionários da RATP (que gere o transporte parisiense) e da empresa nacional ferroviária SNCF. No entanto, há poucas esperanças de um compromisso.
FORTALEÇA O JORNALISMO INDEPENDENTE: ASSINE OPERA MUNDI
O governo tentou, durante as discussões, negociar uma interrupção temporária da greve, pelo menos durante o período das festas de fim de ano. Mas o líder do sindicato da CGT, Philippe Martinez, que encabeça os protestos, reiterou que não tem intenção de fazer uma “trégua” de Natal se o governo não recuar e retirar seu projeto de reforma da Previdência.
Apoio da população
Um dos pontos mais sensíveis da reforma é a idade mínima para a aposentadoria. O governo pretende manter 62 anos como referência, mas apenas quem parar de trabalhar aos 64 anos poderá receber uma pensão completa.
CGT
Protestos contra reforma da Previdência na França está na terceira semana
Uma pesquisa de opinião divulgada nesta quinta-feira aponta que mais da metade dos franceses (61%) são contra os 64 anos como idade para uma aposentadoria plena.
Além disso, mesmo se 66% dos entrevistados apoiam o fim dos regimes especiais – outro ponto de discórdia – e mais da metade dos franceses continuam a favor da mobilização dos sindicatos.
Apesar de mais de duas semanas quase sem transportes públicos, o número de partidários da greve não para de crescer. Eles passaram de 46% no final de novembro para 54%.
Incerteza nos transportes públicos
Nesta quinta-feira, quando muitos parisienses já começam a se preparar para as viagens de fim de ano, apenas dois a cada cinco trens de alta velocidade circulam no país, e quatro em cada dez trens regionais funcionam. Na capital, seis das 16 linhas de metrô permanecem totalmente fechadas e boa parte da rede metroviária funciona parcialmente, apenas nos horários de pico. Somente duas linhas automatizadas circulam normalmente.
Quem comprou passagem de trem para a semana do Natal ainda não sabe se vai poder embarcar. A SNCF indicou nesta quinta-feira em vai divulgar até o final do dia a lista dos trens que funcionarão em 23 e 24 de dezembro. A situação para 25 e 26 ainda é uma incógnita. A estatal promete dar mais detalhes na sexta-feira (20), quando muitos já estarão fechando as malas para viajar.