Imigrantes de fora da Europa sofrem mais discriminação no mercado de trabalho francês, diz estudo
Levantamento também mostrou que imigrantes assalariados também são os que mais convivem com contratos de trabalho de duração limitada
Mais desempregados, mais expostos a trabalhos penosos, menos bem pagos, sentindo-se discriminados: os imigrantes de fora da Europa estão em desvantagem no mercado de trabalho francês, segundo um estudo do Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos (Insee) publicado nesta quinta-feira (30/03).
Quando estão em idade ativa, mulheres e homens imigrantes estão mais frequentemente desempregados. Em 2021, entre os trabalhadores dos 15 aos 74 anos, 14% das mulheres imigrantes e 12% dos homens estão desempregados, contra 7% das mulheres e homens que não são imigrantes nem descendentes de imigrantes.
A taxa de atividade das mulheres imigrantes (62%) é dez pontos inferior à das mulheres sem ascendência imigrante (72%). É particularmente baixa para as mulheres imigrantes da Turquia ou do Oriente Médio (45%) e do Norte da África (54%).
Ainda de acordo com este estudo do Insee, intitulado “Imigrantes e descendentes de imigrantes na França”, os imigrantes assalariados têm mais frequentemente contratos de trabalho com duração limitada e também ocupam com maior frequência empregos menos qualificados, associados a salários e condições de trabalho mais baixas.
Assim, 39% dos homens imigrantes empregados são operários, contra 29% dos homens que não são imigrantes nem descendentes de imigrantes.
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Mulheres imigrantes sofrem ainda mais que os homens no mercado de trabalho francês, segundo o estudo do Instituto Nacional de Estatística
Descendentes
As desigualdades de situação no mercado de trabalho tendem a diminuir para os descendentes de imigrantes, mas alguns grupos, em particular os descendentes de imigrantes do Magreb e da África subsaariana, “permanecem com salários mais baixos e taxas de desemprego mais altas do que o resto da população”, observam os pesquisadores do Insee.
Isso sem dúvida explica por que “o sentimento de discriminação é acentuado para os descendentes de imigrantes”, que mais frequentemente declaram que os imigrantes sofrem preconceito.
Em 2019-2020, 41% dos descendentes de imigrantes da África Saheliana e 46% dos provenientes da Guiné ou da África Central relatam ter sofrido tratamento desigual ou discriminação, taxas superiores às dos imigrantes das mesmas origens (respectivamente 34% e 40%).
O primeiro local de discriminação relatado é o mercado de trabalho, seja na contratação ou no local de trabalho.
O estudo observa que “este sentimento de discriminação anda de mãos dadas com um sentimento de falta de reconhecimento como francês para os descendentes de imigrantes”.