O Ministério das Relações Exteriores da França anunciou nesta terça-feira (01/08) que começará a retirar seus cidadãos do Níger, palco de um golpe militar na semana passada. Paris teme pela segurança de cerca de 600 franceses que vivem no país, após o ataque à embaixada em Niamey e o fechamento do espaço aéreo nigerino.
“Diante da degradação da segurança no Níger, uma operação de evacuação por via aérea está sendo preparada”, indicou a embaixada francesa em Niamey por meio de um comunicado. Segundo a nota, além de cidadãos da França, outros indivíduos de nacionalidade europeia que desejarem podem ser retirados do Níger.
A justificativa para a evacuação dos franceses, segundo o comunicado, são “as violências contra a embaixada”, no domingo (30/07), além do “fechamento do espaço aéreo que deixa nossos compatriotas sem possibilidade de deixar o Níger por meios próprios”. As mídias também evocam a ascensão de “um sentimento antifranceses” no Níger, palco de um golpe militar na última quinta-feira (27/07) que tirou Mohamed Bazoum da Presidência.
Os insurgentes que tomaram o poder também acusam a França de querer intervir militarmente no país. A informação foi desmentida pela chefe da diplomacia francesa, Catherine Colonna, em entrevista ao canal BFMTV. “É preciso reagir às falsas informações e não cair em armadilhas”, indicou. No domingo, o presidente francês Emmanuel Macron ameaçou responder “de maneira imediata e firme” a qualquer ataque contra cidadãos franceses no Níger.
Wikimedia Commons
Embaixada francesa fica na capital Niamey, que sofreu ataques após o golpe militar
“Declaração de guerra”
Na noite de segunda-feira (31/07), Burkina Faso e o Mali afirmaram que qualquer intervenção militar para levar Bazoum de volta ao poder será considerada como “uma declaração de guerra”. Os dois países também ameaçam deixar a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) e adotar medidas “de legítima defesa em apoio às Forças Armadas e ao povo do Níger”.
No domingo, os dirigentes da Cedeao deram um ultimato à junta militar no Níger para “um retorno completo à ordem constitucional”, afirmando não excluir “um recurso à força”. Também decidiram suspender todas as transações comerciais e financeiras entre os Estados-membros da comunidade e o Níger e congelar os bens dos insurgentes envolvidos no golpe.
Países ocidentais aliados da Cedeao também pressionam a junta militar a restabelecer a ordem no Níger, um país considerado essencial na luta contra os grupos jihadistas. A França e os Estados Unidos contam com 1.500 e mil soldados, respectivamente, em território nigerino.
O presidente do Chade, Mahamat Idriss Déby Itno, viajou a Niamey, onde se reuniu com Bazoum na residência presidencial, onde segue detido por militares desde a semana passada. Também conversou com o general Abdourahamane Tiani, chefe da junta. No entanto, até o momento, a situação do Níger segue sob impasse.
O Níger é um dos países mais pobres do mundo, apesar de seus recursos de urânio. Alvo de ataques de grupos ligados ao grupo Estado Islâmico e à Al-Qaeda, é a terceira nação da região a sofrer um golpe desde 2020, depois de Mali e Burkina Faso.