A onda de protestos violentos na França impacta a discussão da nova lei de imigração no país, na Assembleia Nacional. O plano inicial do governo era começar a concluir o texto nesta primeira quinzena de julho, mas as discussões “patinam”, reporta a imprensa francesa nesta quinta-feira (06/07).
O projeto de lei representa um equilíbrio delicado entre a gestão do presidente Emmanuel Macron e a direita, que foi uma aliada preciosa do governo para a reforma das aposentadorias, e espera apertar as regras imigratórias do país. Entretanto, a morte, por um policial, do adolescente Nahel, cuja família é de origem argelina, acabou por atrasar os debates em torno do texto.
O jornal Le Parisien nota que a conversa entre “o Executivo e a direita está em ponto morto”. O ministro do Interior, Gerald Darmanin, na linha de frente desta lei, está dedicando “100% do seu tempo para a questão dos distúrbios”, nota o diário. Deputados ouvidos pelo jornal avaliam que o ministro está numa situação complexa, já que um endurecimento da legislação neste momento poderia aumentar ainda mais a tensão nas periferias francesas.
Associação entre imigração e criminalidade
O tema é a manchete do diário conservador Le Figaro, que diz “Lei de Imigração: o Executivo se recusa a endurecer o texto”. O jornal constata que o ministro do Interior rejeita qualquer associação entre as violências recentes após a morte de Nahel e a imigração na França, alegando que “a questão hoje são os jovens delinquentes, não os estrangeiros”.
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Mas os eventos em Nanterre, que se espalharam pelo país, fizeram a direita pressionar ainda mais por segurança. Em entrevista ao Figaro, o deputado europeu republicano François-Xavier Béllamy disse que as violências “são o preço visível que a França paga por anos de irresponsabilidade política” e por negar “a realidade migratória”.
O projeto de lei da imigração na França, discutido desde 2018 mas adiado pela pandemia de coronavírus, deve ter foco em atrair mão de obra qualificada e combater a imigração ilegal.