Após manifestações contra uma contestada reforma da Previdência que reuniram mais de um milhão pessoas nas ruas da França na quinta-feira (19/01), novos protestos foram registrados neste sábado (21/01). Desta vez, as passeatas foram convocadas por organizações estudantis, mas contaram com a participação do partido da esquerda radical, França Insubmissa.
Segundo a França Insubmissa, pelo menos 150 mil pessoas desfilaram pelas ruas de Paris neste sábado. A polícia indicou, no final do dia, que não divulgaria nenhum balanço oficial das manifestações, que ocorreram sem violência ou confrontos.
Os sindicatos já avisaram que uma nova jornada de greve nacional está prevista para 31 de janeiro, reforçando a mobilização de quinta-feira, que contou com a participação de funcionários públicos, mas também com profissionais do setor privado.
Os manifestantes se opõem à reforma da Previdência, uma promessa do presidente Emmanuel Macron desde a campanha para seu primeiro mandato. Entre as medidas do projeto está o aumento da idade mínima para a aposentadoria, que passaria dos 62 para 64 anos.
Force Ouvrière/Twitter
Pelo menos 150 mil pessoas desfilaram pelas ruas de Paris neste sábado
Apoio da direita
O governo prevê apresentar a sua reforma diante do Conselho de ministros no dia 23 de janeiro, antes de um primeiro debate na Assembleia, previsto para o início de fevereiro. Macron não dispõe mais da maioria absoluta, mas conta com o apoio da direita para tentar adotar o texto.
Uma pesquisa de opinião indicou que, na véspera da greve geral contra o projeto na quinta-feira, 72% dos entrevistados achavam a reforma “injusta”. Esse sentimento, apontou o estudo, está ainda mais forte (55%) do que quando Macron apresentou o primeiro projeto de mudanças, em 2019 – quando acabou sendo obrigado a recuar. Agora, a pesquisa mostrou que até os eleitores da direita (50%) não estão convencidos do texto, enquanto a esquerda e a extrema direita rejeitam a proposta em peso.
A França passou por uma série de grandes reformas de seus sistemas previdenciários nos últimos 30 anos, quase todas acompanhadas por grandes movimentos sociais, para responder à deterioração financeira de seus fundos e ao envelhecimento da população.