Alheios ao aumento da tensão entre os governos, milhares de sul-coreanos têm se mudado para a cidade de Paju, na fronteira com a Coreia do Norte, em busca de uma qualidade de vida mais elevada e de preços baixos nos aluguéis. O movimento é tão intenso que o número de habitantes da localidade dobrou na última década, superando os 400 mil.
De Paju, basta subir o Monte Dora, nas redondezas, para ter uma vista privilegiada da Coreia do Norte e dos soldados na fronteira mais militarizada do mundo. Além do menor custo de vida, cada vez mais pessoas decidem se mudar para a região devido ao seu trânsito mais tranquilo e ao contato com o campo. As informações são do El Mundo.
Efe
Soldados sul-coreanos vigiam atrás de uma barricada perto da Zona Desmilitarizada em Paju
Localizada no paralelo 38, famoso por ser a referência para a Zona Desmilitarizada e “terra de ninguém”entre as duas Coreias, Paju e seus preços mais competitivos que a capital Seul atraíram também parques industriais, condomínios e resorts de férias. “Nos acostumamos a ser vizinhos de Kim [Jong-un, presidente da Coreia do Norte]”, diz Nam-Kyu, transportador que mora a seis quilômetros da fronteira.
O próprio governo da Coreia do Sul tem fomentado o crescimento populacional da região, com a ampliação da Autopista da Liberdade e o metrô de Seul até a cidade fronteiriça . Assim, é possível comprar roupas da Armani no Paju Premium Outlets a poucos minutos da nação comunista. Até mesmo a multinacional LG Phillips adotou o endereço para uma fábrica de televisões planas.
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Residentes de Seul podem desfrutar de um fim de semana relaxante em hotéis e aproveitar para fazer “turismo de guerra” , que inclui visitas ao posto de Panmunjom, onde foi firmado o armistício de 1953 – e que representava o último canal de comunicação civil entre os vizinhos, cortado no dia 11 de março – e ao Terceiro Túnel de Agressão, passagem secreta construída por norte-coreanos descoberto em 1978.
Mesmo que habitantes da região não pareçam muito preocupados com o atual estado de guerra entre os vizinhos, existe o temor de que o aumento de tensão prejudique os negócios no parque industrial de Kaesong, do lado Norte. Financiado pelo Sul, foi mantido aberto porque o complexo traz cerca de €1,7 bilhão em trocas comerciais, dinheiro bem-vindo para ambos os lados. Segundo informações da agência Reuters, a cidade recebe cerca de 100 empresas sul-coreanas e emprega mais de 50 mil norte-coreanos. Em 27 de fevereiro, Kim Jong-un anunciou o corte do último canal de comunicação militar, justamente em Kaesong.