O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, declarou nesta quinta-feira (18/01) que visitará o Brasil no final de fevereiro para a reunião do G20, bem como outros países da América Latina.
Apesar da confirmação de presença do ministro não excluir a possibilidade de que o presidente russo, Vladimir Putin, também compareça à conferência, é comum que o chanceler represente o mandatário em reuniões internacionais.
Em dezembro, o assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, chegou a declarar apoio à presença do presidente russo à reunião.
“Queremos que Putin venha. Uma conferência do G20 sem a Rússia seria incompleta”, declarou ao considerar a presença do líder russo fundamental para as pautas que serão discutidas no evento.
A declaração dada em nome da presidência carregava um teor específico uma vez que Putin é alvo de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional de Haia (TPI), acusado por “crimes de guerra” cometidos na Ucrânia.
Como signatário do Tratado de Roma que estabelece o TPI, em tese o Brasil é obrigado a executar o mandado de prisão caso o presidente russo ingresse no país.
Lula já havia falado sobre o assunto, afirmando que uma eventual prisão de Putin em território brasileiro “pode ou não acontecer” porque o Brasil faz parte do tribunal.
Putin também não compareceu à reunião do grupo sob a presidência da Índia, em setembro passado, onde foi representante por seu chanceler.
A cúpula do G20, que reúne 19 países mais a União Europeia e a União Africana, é o principal fórum de cooperação econômica do mundo. O evento está previsto para novembro de 2024, no Rio de Janeiro.
UN Geneva/Flickr
É comum que Lavrov represente Putin em reuniões internacionais, como Cúpula do G20
Livrar-se da dependência do Ocidente
A informação de Lavrov sobre o G20 foi feita durante uma coletiva de imprensa anual, na qual avaliou a atual situação na arena internacional e apresentou os resultados da diplomacia russa no ano de 2023.
Na conversa, o chanceler também declarou que o grande objetivo da Rússia em 2024 é “se livrar de qualquer dependência do Ocidente na economia e nas cadeias de suprimentos”.
Falando sobre os BRICS, declarou que as relações entre a Rússia e a China estão atravessando o melhor período da história de muitos séculos, e que prestará especial atenção à boa integração dos novos membros ´[Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã] ao bloco anteriormente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Guerra na Ucrânia
Sobre o conflito travado entre Rússia e Ucrânia, que se estende para completar seu segundo ano, Lavrov acusou o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, de estar “desobedecendo cada vez mais” aos seus patrocinadores ocidentais ao não realizar as eleições presidenciais planejadas no país.
O ministro de Putin também identificou que não vê interesse dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em resolver o conflito.
Enquanto isso, a Rússia vai alcançar todos os alvos na operação militar especial na Ucrânia, ressaltou.
(*) Com Ansa e Sputniknews