O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, foi deposto pelos militares nesta quinta-feira (11/04), após três décadas comandando o país. O anúncio foi feito pelo ministro da Defesa, Awad Mohamed Ahmed Ibn Auf, num pronunciamento pela televisão.
De acordo com Ibn Auf, os militares ficarão no poder em uma “transição” de dois anos, ao final dos quais prometem convocar uma eleição. Além disso, o país ficará sob “estado de emergência” nos próximos três meses. A Constituição foi suspensa e as fronteiras, fechadas.
Bashir, que estava há 30 anos no poder, está sendo mantido sob forte vigilância na residência presidencial, em Cartum.
Milhares de pessoas se concentraram nas imediações do Ministério da Defesa e no centro de Cartum para participar de protestos contra Bashir e festejar a deposição antes mesmo da confirmação oficial. Há protestos em vários pontos da capital, sobretudo junto ao quartel-general do Exército.
Protestos
O país atravessa uma onda de manifestações, desde dezembro, por causa da forte alta do pão e se intensificaram nos últimos dias.
O Comitê Central de Médicos do Sudão, uma organização sindical da oposição, afirma que 22 pessoas morreram nos protestos contra o governo desde o último sábado (06/04), entre os quais cinco militares.
Bashir comandava o Sudão com mão de ferro desde 1989, quando deu um golpe de Estado com a ajuda de militantes islamistas. Ele é alvo de dois mandados internacionais de prisão por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, emitidos pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia, por causa de crimes cometidos durante o genocídio de Darfur, durante o qual 300 mil pessoas foram mortas desde 2003.
O Sudão é um dos 25 países mais pobres do mundo, com uma população de 41 milhões de pessoas. Até a independência do Sudão do Sul, a economia era fortemente dependente do petróleo, responsável por 95% das exportações e metade da arrecadação do governo. Em 2001, o Sudão perdeu a maior parte dos campos petrolíferos, que ficaram com o Sudão do Sul.
(*) Com Agência Brasil
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Omar al-Bashir foi deposto por militares no Sudão