O governador do estado mexicano de Guerrero, onde desapareceram 43 estudantes no mês passado, apresentou nesta sexta-feira (24/10) a demissão do cargo. Após o aumento dos protestos que pediam repostas e cobravam sua renúncia, Ángel Aguirre anunciou que irá deixar o posto para “favorecer um clima político que permita resolver a situação de emergência”.
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Agência Efe
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“A prioridade tem que ser continuar com as buscas aos jovens desaparecidos e garantir que os responsáveis por estas graves violações dos direitos humanos sejam punidos”, acrescentou Aguirre, político do PRD (Partido da Revolução Democrática), em mensagem à imprensa na capital do estado, Chilpancingo.
A saída dele do poder era uma das principais reivindicações dos familiares dos 43 alunos da Escola Normal de Ayotzinapa, que desapareceram no dia 26 de setembro em Iguala, e de seus companheiros, que fizeram vários protestos para exigir o retorno dos jovens.
Nos últimos dias, as mobilizações ficaram mais intensas, com ataques a edifícios do governo estadual, a instalações do PRD e às prefeituras de Chilpancingo e Iguala.
[Governador do estado mexicano de Guerrero, Ángel Aguirre, concede entrevista para apresentar sua renúncia ao cargo]
O caso do desaparecimento dos jovens expôs as ligações da elite política local e da polícia com grupos de narcotraficantes. Além de ter abandonado o cargo e fugido da cidade, o prefeito de Iguala, José Luis Abarca Velázequez, e a primeira-dama, María de los Ángeles Pineda, estão sendo acusados de serem os principais operadores do cartel Guerreros Unidos, suspeito do desaparecimento em massa.
Trabalho “incansável”
Ao comunicar a renúncia, o governador disse que trabalhou “incansavelmente até o dia de hoje” para punir os responsáveis e localizar os jovens desaparecidos. Garantiu ainda que “tomou medidas imediatas para prender os policiais diretamente envolvidos” e outros apontados como “cúmplices desses incidentes”, assim como para localizar os jovens e oferecer auxílio a todas as vítimas.
O político adiantou que apresentará hoje um relatório detalhado de todas as suas ações para o Congresso do estado, o Legislativo federal, o ombudsman nacional e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
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Nos ataques de 26 de setembro morreram seis pessoas, 25 ficaram feridas e 43, todas estudantes, desapareceram depois que foram detidos por policiais e entregues ao cartel Guerreros Unidos, segundo declarações de várias testemunhas.
Fossas clandestinas
Um grupo de autodefesas do estado de Guerrero, no México, que procura pelos estudantes desaparecidos, encontrou nesta quinta (23/10) outras seis fossas clandestinas com restos humanos em um local denominado Monte Hored. O porta-voz da UPOEG (União de Povos e Organizações do Estado de Guerrero), o advogado Manuel Vázquez Quintero, contou que em cinco das fossas foram encontrados restos mortais e a sexta, “era nova e se via que estava pronta para ser usada”.
“Encontramos cabelo, restos mortais ainda com carne, e nos arredores achamos roupa com sangue, uniformes como os de escola de ensino médio, sapatos, dinheiro e até garrafas vazias de cerveja”, disse, ao esclarecer que todos os indícios foram comunicados às autoridades federais e à Comissão Nacional de Direitos Humanos. Os corpos achados nas fossas ainda não foram identificados.
Também hoje, mais de cem professores do estado de Guerrero ocuparam a sede da Prefeitura de Acapulco, importante cidade turística local, para cobrar medidas e respostas das autoridades.
(*) Com informações da Agência Efe