O governo argentino publicou na imprensa oficial nesta sexta-feira (13/03) a abertura dos documentos da causa Amia (Associação Mutual Israelense Argentina), referente ao maior atentado terrorista da história da Argentina. A medida havia sido anunciada em meados de janeiro no âmbito das investigações em torno da morte do promotor Alberto Nisman às vésperas da denúncia que faria contra a presidente do país, Cristina Kirchener.
O decreto estabelece a abertura dos documentos da ex-SIDE, atual Agência Federal de Inteligência, e também de toda documentação relacionada à causa e que possa ser de interesse da investigação.
Agência Efe
No fim de janeiro, Cristina Kirchner também anunciou que o serviço de inteligência do país iria passar por sério processo de reestruturação
Um dia após a morte de Nisman, em 19 de janeiro, Kirchner autorizou a abertura dos documentos tal como fora solicitado pelo promotor ao realizar a denúncia.
O atentado a bomba realizado em 1994 matou 85 pessoas e deixou cerca de 300 feridos. A comunidade judaica e a Justiça da Argentina atribuem ao Irã e ao Hezbollah o planejamento e execução de ambos os atentados, mas o acordo feito entre os governos argentino e iraniano não prosperou.
De acordo com a denúncia de Nisman, a presidente, o chanceler Héctor Timerman e o deputado Andrés Larroque teriam encoberto as responsabilidades do Irã para facilitar um acordo de entendimento comercial com o país. O governo nega.
Agência Efe
Na última semana, ex-esposa apresentou dados da investigação que provariam que Nisman não se suicidou
Novos rumos na investigação
Apesar de a juíza e ex-esposa de Nisman, Sandra Arroyo Salgado, já ter informado no início da semana que a posição do corpo do promotor foi modificada após a morte, ainda não haviam sido publicados detalhes do fato.
Nesta sexta (13/03), a imprensa argentina divulgou que foi encontrada a marca de quatro dedos no corpo do promotor, o que indicaria que o cadáver foi manipulado.
Outros apontamentos feitos pela investigação alternativa contratada pela família do promotor revelam que ele foi morto de joelhos. O responsável pelo disparo estaria provavelmente situado atrás da vítima.
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Além disso, foram descobertas manchas “lavadas” na torneira e na pia do banheiro do promotor. Além disso, sustenta que a ausência de restos de pólvora na mão direita de Nisman se deve ao fato de algo ter tapado, como um “objeto ou uma mão”.
As informações constam no chamado “ponto 12” do informe realizado pelos peritos da família. Após ser negado pela promotora responsável pela investigação do caso, Viviana Fein, o jornal La Nación teve acesso e divulgou os detalhes. Posteriormente, Fein reconheceu a existência dos apontamentos, mas ressaltou que Arroyo havia pedido que as informações não fossem divulgadas.
A versão dos peritos alternativos contrasta com o que foi apontado pela investigação oficial. Para os peritos contratados pelo governo, Nisman cometeu suicídio. A versão é contestada até mesmo pela presidente do país. Até o momento, todos os apontamentos recaem sobre o técnico em informática Diego Lagomarsino, que entregou a Nisman a arma com a qual ele foi encontrado morto.
Diante das contradições e versões díspares, Fein convocou os peritos da família e avalia solicitar uma Junta Médica à qual serão incorporados especialistas estrangeiros.