O governo colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) retomaram nesta quarta-feira (10/12) os diálogos de paz travados em Havana, Cuba, após 24 dias de suspensão, motivada pela captura do general Ruben Darío Alzate em meados de novembro.
A retomada do processo, no entanto, foi ofuscada pela necessidade de refutar novas acusações feitas pelo ex-presidente e senador colombiano Álvaro Uribe, que divulgou uma lista com as supostas exigências da guerrilha para voltar à mesa de negociação.
Agência Efe
Humberto de la Calle passou o maior parte de sua exposição respondendo às denúcias de Uribe
Na cerimônia de retomada dos diálogos, a única menção à maior crise vivida pelo processo — que completou dois anos no dia 19 de novembro — veio do chefe negociador do governo, Humberto de la Calle. Segundo ele, o reatamento dos diálogos “deixa patente que ficaram para trás os eventos das últimas semanas que geraram as dificuldades que o país conhece”.
O governo afirmou que no próximo dia 16 de dezembro será realizada a quinta e última comitiva de vítimas, que viajará a Havana para participar da mesa de negociação.
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De la Calle disse ainda que na próxima segunda-feira (15/12), a comissão receberá pela primeira vez um grupo de especialistas em questões de gênero. “A mulher esteve no vórtice da vitimização, mas é ao mesmo tempo, a corrente de transmissão da reconciliação”, destacou.
As FARC, por sua vez, não abordaram a questão da crise no processo de paz. Pablo Catatumbo (codinome de Jorge Torres Victoria) leu uma reflexão sobre o direito humanitário em conflitos armados, na qual reiterou a “desproporção” de forças no terreno entre a insurgência e o Exército.
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Comissão negociadora das FARC durante declarações concedidas à imprensa
O guerrilheiro indicou que é “incompatível com o bom senso” que as FARC sejam acusadas de usar artefatos explosivos artesanais contra as forças do Estado, enquanto estas “utilizam indiscriminadamente aviação ofensiva e bombas de uma tonelada e meia” e acrescentou que a guerrilha “nunca” desenvolveu estratégias “de ataque generalizado contra a população civil”.
Oposição colombiana
Crítico contumaz dos diálogos de paz, o ex-presidente e senador colombiano Álvaro Uribe divulgou, durante o final de semana, uma série de supostas imposições que a guerrilha teria feito ao governo para retomar as negociações.
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De acordo com Uribe, a guerrilha teria pedido, entre outras coisas, que o governo se comprometesse a reparar economicamente os familiares dos comandantes que morreram nas mãos das forças militares, o arquivamento de denúncias contra as FARC e libertação dos prisioneiros.
A respeito dos comentários do ex-presidente, de la Calle afirmou, categoricamente, que a retomada do processo “não se baseou em concessões obscuras e inaceitáveis.
Ainda sobre a questão, o negociador lamentou: “Novamente temos que rejeitar informações falseadas, inverossímeis (…) cujo objetivo único é gerar obstáculos ao anseio de paz dos colombianos”.
*Com informações da agência Efe