O governo do Peru colocou o Exército e as polícias nas ruas das principais cidades do país e até em algumas localidades do interior, para tentar conter os protestos marcados para a chamada “Jornada Nacional de Luta”, convocada por diferentes organizações sociais para esta quinta-feira (15/12).
Os movimentos sociais anunciaram que os atos desta jornada pretendem unificar a demanda pela realização de novas eleições no país. As entidades envolvidas, que incluem coletivos estudantis, organizações sociais, sindicais e indígenas, afirmam não reconhecer a legitimidade da presidente Dina Boluarte, que assumiu o poder no dia 7 de dezembro, após a destituição de Pedro Castillo.
As organizações também defendem a realização de um processo constituinte no Peru, para que se realize uma nova carta magna, que substitua a imposta em 1993 pelo ditador Alberto Fujimori.
As manifestações desta quinta prometem ignorar o estado de emergência decretado pela presidente Boluarte nesta quarta-feira (14/12). A medida governamental foi justificada com o argumento de que os protestos realizados no país desde sábado passado foram marcados pela violência.
#Peru Comenzaron las protestas y la represión en provincias
Ayacucho, Cusco, Cajamarca, Apurimac#PedroCastillo #CierrenElCongresoYa #AsambleaConstituyenteAhora pic.twitter.com/Bncs4dTm46
— JAIME HERRERA (@JaimeHerreraCaj) December 15, 2022
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Protestos em Lima pedem novas eleições no país em meio a crise política
No entanto, segundo a Coordenadoria Nacional de Direitos Humanos (CNDH) do país, houve oito mortes durante os protestos realizados desde o último sábado (10/12), e todos os casos trazem indícios de que elas foram produzidas por ação da polícia.
As organizações esperam que os eventos se multipliquem em mais de 30 cidades do Peru, incluindo atos massivos nas principais cidades, como Lima, Arequipa, Cusco, Tacna e Cajamarca.
Em paralelo, um grupo de estudantes realizou na noite desta quarta-feira (14/12) uma ocupação no edifício central da Universidade Maior de San Marcos, em Lima.
Os jovens dizem que sua iniciativa está ligada à jornada de protestos no país e não somente defendem as mesmas demandas das organizações que marcharão nesta quinta como também pedem que a presidenta Dina Boluarte seja julgada por violações aos direitos humanos, devido às mortes e detenções arbitrárias ocorridas durante os protestos dos dias anteriores.