Conforme anunciou hoje (30) o novo presidente de Honduras, Roberto Micheletti, caso o presidente deposto Manuel Zelaya retorne ao país, será recebido com uma ordem de captura. Zelaya reafirmou em Nova York, onde discursou na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), que voltará a Honduras na quinta-feira (2).
“Quero dizer a ele que os tribunais de justiça do meu país têm ordens de captura contra ele [Zelaya], porque não cumpriu com as leis”, disse Micheletti em uma entrevista à rádio colombiana Caracol.
Micheletti também defendeu o movimento que o levou ao poder. “Nós não demos um golpe de Estado, mas houve uma sucessão constitucional”.
O ex-presidente do Congresso e outros funcionários do novo governo – instituído após o sequestro e expulsão de Zelaya no último domingo (27) – o acusam também de autoritarismo e de desatenção, por dedicar-se somente à consulta popular e não a outros assunto “mais urgentes do país”, como os danos provocados pelo terremoto de 7,1 graus na escala richter que sacudiu o país este mês e a incidência da gripe A..
Por sua vez, Zelaya afirmou durante entrevista coletiva após discursar na ONU que não teme retornar ao país. “Sempre disse que qualquer um que sente medo não deve se tornar um político”. Segundo o presidente, ele espera receber em Honduras o apoio de seus simpatizantes e também, de parte das Forças Armadas – executora de sua expulsão.
“Viajarei a Honduras para garantir a paz, porque fui expulso. Retornarei como presidente. Estou voltando porque o povo votou em mim e está me apoiando, assim como parte do Exército. O país sairá dessa situação e moverá para a paz e tranqüilidade”, disse.
Questionado se as acusações da oposição de que ele busca a aprovação de um mecanismo que possibilite a reeleição para se perpetuar no poder são verdadeiras, Zelaya respondeu: “Sou um fazendeiro. Gosto de trabalhar no campo, plantar. É pro campo que voltarei quando deixar o poder. Retornarei à vida civil”.
Repúdio
A Assembleia Geral da ONU aprovou hoje uma resolução na qual pede a “imediata e incondicional” restituição de Manuel Zelaya como presidente “legítimo e constitucional” de Honduras.
“A resolução expressa a indignação do povo hondurenho e do resto da comunidade internacional”, disse o presidente deposto de Honduras, ao se dirigir à Assembleia pouco depois da aprovação unânime dessa resolução.
Em movimento de repúdio ao golpe, o Banco Mundial suspendeu a entrega de 270 milhões de dólares designados a projetos em Honduras e afirmou que só enviará a quantia quando a situação no país voltar à normalidade.
O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Miguel Insulza, a presidente argentina, Cristina Kirchner e o presidente da Assembleia Geral da ONU, o nicaragüense Miguel D’Escoto, confirmaram que acompanharão Zelaya a Honduras. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que, “por prudência”, não se juntará ao grupo.
“Gostaria de acompanhar 'Mel' (Manuel Zelaya), mas não devo, porque dizem que sou o culpado por tudo (crise em Honduras). Então, minha presença (em Tegucigalpa) pode ser tomada como uma desculpa para ações violentas”, falou durante coletiva no aeroporto internacional de Managua.
De acordo com a rádio estatal Radio Nicarágua, o venezuelano, disse que acompanhando Zelaya, não “seria estranho” que um franco-atirador, poderia disparar contra ele ou a comitiva.
Embaixadores
Micheletti afirmou que estava “sumamente preocupado” pela retirada de Honduras de embaixadores anunciado por países como Nicarágua e Venezuela, entre outros e que já havia estabelecido diálogo com “países amigos”, cujos nomes não mencionou, para explicar-lhes sua versão porque, segundo afirmou, até agora só se ouviu a versão de Zelaya.
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