O governo japonês tem uma nova estratégia para tirar a economia da estagnação do pós-crise: um programa de subsídios às pequenas e médias empresas para estimulá-las a contratar trabalhadores desempregados como estagiários. Cerca de 1,6 bilhão de dólares serão investidos no novo plano, que deve beneficiar até 70 mil pessoas com cursos de capacitação e treinamento até o ano de 2011.
Desde o dia 31 de julho, empresas e candidatos às vagas podem procurar uma das agências de trabalho do país, chamadas de Hello Work, e se inscreverem no programa, originalmente chamado de Jishuugata Koyoo Shien Jigyoo. Para cada desempregado recolocado no mercado, o Ministério do Trabalho do Japão repassará um subsídio mensal de 100 mil ienes (cerca de 2 mil reais) ao empregador. Caso o funcionário seja efetuado ao final de seis meses, a empresa receberá mais 1 milhão de ienes (20 mil reais). Com a iniciativa, o governo espera economizar com o pagamento de benefícios sociais garantidos por lei, como o seguro-desemprego e o auxílio-subsistência.
“Esse pacote vinha sendo discutido há meses, o brasileiro [residente no Japão] tem de aproveitar essa oportunidade. Mas é cedo para avaliá-lo, as empresas ainda não sabem como participar do projeto, que tipo de treinamento profissional deve ser oferecido, isso não está muito claro”, pondera Edilson Kinjo, representante da organização não-governamental New-Sab – Associação Amigos do Brasil. A entidade, fundada há dez anos, presta consultoria gratuita na cidade de Gifu, onde vivem cerca de 12 mil brasileiros.
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Apesar de não ser destinado a um público de nacionalidade específica, o pacote do Ministério do Trabalho deve atender principalmente os imigrantes da América Latina e Sudeste Asiático, principais vítimas da onda de desemprego que abateu o país – boa parte por conta da queda das exportações de eletroeletrônicos e automóveis para os Estados Unidos.
Para estrangeiros como o peruano Nisan Matos, 31 anos, que perdeu a vaga numa fábrica de chassis em março passado, receber capacitação é a melhor saída para conseguir uma nova oportunidade de trabalho no Japão. Tanto que ele decidiu investir parte do seguro-desemprego que vem recebendo em aulas de japonês e inglês. “Quando vou às agências, a primeira coisa que perguntam é se tenho experiência em determinada área”, comenta Matos, que terá de abrir mão do benefício se quiser aderir ao programa do governo. “No começo, eu achava que renunciar seria um desperdício, já que paguei o seguro por 13 anos. Mas mudei de ideia, é melhor voltar a trabalhar logo”, afirma.
Recuperação lenta
Apesar de ter registrado uma alta de 0,9% no PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre deste ano – o que pode ser comemorado como o principal sinal de recuperação da economia nipônica –, o Japão ainda amarga o pior índice de desemprego desde 1963. Atualmente, a proporção é de 100 desocupados para cada 43 vagas de trabalho.
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Em junho, aproximadamente 3,48 milhões de pessoas estavam sem emprego no país, segundo dados do Ministério do Trabalho. E, de acordo com a Associação de Planejamento Econômico do Japão, o cenário não deve melhorar tão cedo: um levantamento realizado pela entidade diz que a taxa de desemprego do país deve chegar a 5,56% entre outubro e dezembro, um “recorde”, na opinião dos economistas.
*Reportagem alterada para correção de dado no primeiro parágrafo
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