O Itamaraty também deve ser alvo das medidas de derrubada de sigilos por parte do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a coluna do jornalista Jamil Chade, em texto publicado nesta quarta-feira (16/11) no UOL, membros da equipe de transição do petista pretendem revelar as informações relativas a telegramas e decisões ocultadas por ordem de Jair Bolsonaro.
As fontes ouvidas pela coluna de Chade também informaram que a equipe de Lula assegura que essa medida não pretende iniciar uma “caça às bruxas” na diplomacia brasileira, e sim “garantir uma maior transparência dentro do Ministério das Relações Exteriores, tanto na formulação da política externa como na compreensão das decisões que foram tomadas nos últimos quatro anos”.
Diferente de outros casos em que Bolsonaro aplicou sigilo de 100 anos sobre decisões e documentos relativos à sua administração, no caso do Itamaraty essa medida implica em um secretismo menos prolongado. Alguns dos documentos e telegramas estão sob sigilo estabelecido até o ano de 2026, outros até 2036. Ainda assim, se considera que o tratamento a essas informações poderia não ter respeitado os padrões estabelecidos pela chancelaria há anos, desde antes dos governos do PT.
Outra possibilidade que preocupa a equipe de transição seria a existência de uma “rede paralela criada por aliados à família Bolsonaro trocando mensagens informais em aplicativos de telefone ou reuniões sem registros”.
Marcos Corrêa/PR
O ex-chanceler Ernesto Araújo e o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto
Entre os setores cujo sigilo causa maior preocupação na equipe de Lula estão as mensagens e decisões relativas à embaixada do Brasil nos Estados Unidos, comandada por Nestor Forster (considerado membro do setor olavista do governo), e as missões brasileiras junto à ONU e à OMS, especialmente no que diz respeito à iniciativas sobre alianças políticas e compra de vacinas.
Também existe especial interesse sobre uma viagem realizada pelo ex-chanceler Ernesto Araújo a Israel, em 2020, na qual ele liderou uma comitiva na qual também estavam o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten e os assessores do Palácio do Planalto, Filipe Martins e Max Moura.
A equipe petista também teme que a chancelaria esteja sofrendo um processo de destruição de informações, uma desconfiança que também existe com respeito a outros setores do governo Bolsonaro, em virtude de informações sobre o manejo de dados nos edifícios governamentais depois que o atual presidente fracassou em sua tentativa de se reeleger.