Atualizada às 14:17
A Grécia convocou nesta quinta-feira (25/02) sua embaixadora em Viena, Jrissula Aliferi, após a Áustria realizar uma reunião sobre refugiados em que convidou somente ministros de países balcânicos, esnobando Atenas e Berlim.
O ministério grego de Relações Exteriores considerou este um “ato hostil” e uma “atitude do século 19” e disse que sua embaixadora foi convocada para “resguardar as relações amistosas entre os Estados e os povos da Grécia e da Áustria”.
A Grécia é a principal porta de entrada na Europa de refugiados vindos principalmente de Síria, Iraque e Afeganistão. De lá eles seguem em direção ao centro e norte do continente, passando por países balcânicos como Macedônia e Sérvia.
Agência Efe
Refugiados chegam ao porto de Pireu, em Atenas; Grécia teme ser abandonada pela UE e ter que lidar sozinha com crise humanitária
Vários países pertencentes à União Europeia têm tomado medidas unilaterais para lidar com o intenso fluxo de refugiados chegando ao continente. Nos últimos dias, a Áustria limitou em 80 o número de requerentes de asilo que vai aceitar por dia, a Macedônia passou a não mais permitir a passagem de refugiados afegãos, a Hungria convocou um referendo contra a entrada de refugiados e a Bélgica restabeleceu o controle de fronteira com a França.
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“Iniciativas unilaterais para resolver a questão dos refugiados e violações de leis internacionais e europeias por membros da UE podem minar as bases e o processo de unificação [da Europa]”, declarou o ministério de Relações Exteriores grego.
“A Grécia não vai aceitar ações unilaterais. A Grécia também pode tomar atitudes unilaterais. A Grécia não vai aceitar se tornar o Líbano da Europa, um galpão de almas, mesmo que isso fosse feito com o financiamento da UE”, declarou o ministro de Migrações grego, Yannis Mouzalas, antes de participar de uma reunião em Bruxelas com ministros de vários membros do bloco e de países balcânicos sobre a questão dos refugiados nesta quinta-feira (25/02). “Um grupo enorme de pessoas vai tentar discutir aqui uma crise humanitária na Grécia que elas mesmas pretendem criar”, afirmou.
Atenas teme ser abandonada pela UE e ter que lidar sozinha com a crise humanitária em consequência dos milhares de refugiados que chegam à costa grega todos os dias. Somente nos primeiros 50 dias de 2016, pelo menos 102.500 refugiados chegaram à costa grega, em um fluxo três vezes maior do que o observado em 2015.
Agência Efe
Refugiados tentam pegar trem em Gevgelia, na Macedônia, em direção à Sérvia
Países da União Europeia que se opõem ao plano de cotas de refugiados distribuídas entre membros do bloco pretendem isolar a Grécia e fechar a fronteira do país com a Macedônia, excluindo Atenas da área Schengen, cujo limite passaria da costa grega para o centro da Europa. Áustria, Eslovênia e países balcânicos e do leste europeu pretendem ajudar a Macedônia a fechar a fronteira com a Grécia.
A ministra do Interior da Áustria, Johanna Mikl-Leitner, levantou a possibilidade de isso acontecer: “Se de fato a fronteira externa da Grécia não pode ser protegida, pode ela ainda ser uma fronteira externa da zona Schengen?”, questionou.
No dia 7 de março, próxima quinta-feira, será realizada uma conferência entre a UE e a Turquia sobre o pacto acordado entre o bloco e Ancara em dezembro passado, em que a União Europeia pagaria 3,2 bilhões de euros para o governo turco conter o fluxo de refugiados em direção à Europa. O ministro do Interior alemão, Thomas De Maziere, afirmou que esta reunião será a última chance antes de o bloco tomar medidas mais drásticas. “Se uma solução não for alcançada até 7 de março, deverão ser tomadas outras medidas europeias e coordenadas”, disse.