Enquanto o presidente deposto Manuel Zelaya se dirige à fronteira com Honduras, com o intuito de voltar ao país de onde foi expulso há quase um mês, hondurenhos que o apoiam deram início a uma greve geral.
Movimentos sociais, sindicatos e sociedade civil, representados pela Confederação Unitária dos Trabalhadores, Central Geral dos Trabalhadores e Confederação dos Trabalhadores, unidas na Frente Nacional de Resistência Contra o Golpe de Estado, se mobilizaram e decidiram pela paralisação, iniciada na manhã de hoje (23) e que deve durar dois dias. Estradas foram bloqueadas em todo o país – a foto abaixo, da agência EFE, mostra trabalhadores e usuários de serviços públicos do lado de fora da Empresa Nacional de Energia Elétrica (ENEE).
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Os organizadores da greve cobraram também de todos os organismos internacionais que congelem os empréstimos e demais ajudas a Honduras, exceto aquelas destinadas a setores sociais.
Por outro lado, o presidente da Associação de Pecuaristas e Agricultores, Francisco Ruiz, pediu aos cidadãos que não comprem produtos procedentes de El Salvador, após ser revelado que as alfândegas terrestres deste país estão retendo mercadorias destinadas a Honduras.
Nos supermercados, já não há frutas de outros países e os empresários estão substituindo-as por mamões, laranjas e mangas produzidas por agricultores locais.
Membros do governo golpistas reconhecem que a greve afetará o ritmo econômico do país.
“As forças progressistas permanecem de pé de uma forma somente vista durante a Guerra Fria. É um movimento espontâneo unificado em torno da figura de Mel”, afirmou Juan Barahona, dirigente sindical, referindo-se a Zelaya pelo apelido.
Retorno
Essa é a segunda vez que Zelaya tenta retornar a Honduras. Na primeira, no dia 5 de julho, militares impediram que o avião onde ele e uma comitiva estavam pousasse no aeroporto internacional de Tegucigalpa. Em confronto entre o Exército e a população que protestava do lado de fora, um jovem de 19 anos morreu.
Zelaya, como afirmam membros de seu staff na Nicarágua, não pode mais voltar atrás. A única opção é forçar a volta a Honduras, apesar da ordem de detenção emitida contra ele por violar a Constituição – o presidente convocou um referendo sobre reforma constitucional, algo que legalmente apenas o Congresso pode fazer.
Grupos de cidadãos estão se organizando em Honduras para receber o presidente na fronteira. Zelaya deve sair na tarde de hoje de Manágua, capital da Nicarágua, rumo à divisa, acompanhado por jornalistas estrangeiros e pela família.
A tentativa de entrar em Honduras estava prevista para amanhã, mas Zelaya já admitiu que deve ficar para sábado ou domingo. “Vamos devagar, para chegarmos com um forte contingente de hondurenhos que nos acompanhem”, disse o presidente à rede argentina de televisão Todo Noticias, segundo a agência EFE.
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