Sexta-feira, 7 de novembro de 2025
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Os trabalhadores da Torre Eiffel entraram, nesta quinta-feira (22/02), no quarto dia consecutivo de greve, em pleno período de férias escolares na França, quando o número de turistas aumenta em Paris. As razões do movimento social são inusitadas: não são por aumentos de salários ou melhores condições de trabalho, mas sim em protesto contra a gestão financeira do monumento pela prefeitura da capital. 

Os sindicatos alegam que o principal cartão postal da capital francesa estaria a perigo: segundo o CGT e o Força Operária, a nova carga de impostos aplicada pela prefeitura ameaça a saúde financeira da Torre Eiffel.

Nesta manhã, cerca de 100 funcionários protestaram na entrada principal do local, aos gritos de “Torre Eiffel em perigo, taxas altas demais” e “a prefeitura está achacando”. Uma placa mostrava a prefeita Anne Hidalgo ordenhando a Torre Eiffel, apresentada como uma “vaca leiteira” da prefeitura de Paris.

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Contando com a efervescência da cidade durante os Jogos Olímpicos, em julho e agosto, e o aumento da frequentação em 2024, o governo local decidiu triplicar a taxa municipal que a administração da “Dama de Ferro” deverá pagar, num total de € 50 milhões. A própria prefeitura detém 99% do controle da empresa operadora da Torre Eiffel.

Os sindicatos alegam, entretanto, que Hidalgo superestima a previsão de alta do número de visitantes, e num momento em que são realizadas obras multimilionárias no monumento. Assim, o financiamento do restante da restauração em curso estaria ameaçado.

Sindicatos protestam contra gestão financeira do monumento pela prefeitura da capital francesa

PxHere

Para sindicatos, nova carga de impostos aplicada pela prefeitura ameaça saúde financeira da Torre Eiffel

Quatorze anos sem pintura

A última vez que a Torre Eiffel foi pintada foi há 14 anos – ou seja, o dobro dos sete anos habituais. Algumas obras de manutenção, adiadas devido à pandemia de covid-19, ainda não foram realizadas.

Para completar, segundo funcionários, a ferrugem chega a ser visível nos pés do monumento, uma amostra do que seria o estado de degradação em que se encontra.

Os trabalhadores do local aguardam um acordo com a prefeitura de Paris para retomar o serviço e reabri-lo. Enquanto isso, assumem a responsabilidade de decepcionar os visitantes, em nome do futuro da Torre Eiffel.

Turistas frustrados

Desde segunda-feira (19/02), os milhares de turistas que sonham em subir no alto da torre – a maioria estrangeiros – encontram as portas fechadas. Nos dias anteriores ao fechamento, a “Dama de Ferro” recebeu entre 17 mil e 20 mil visitantes por dia, disse à AFP a representante sindical Nada Bzioui.

Os quatro dias de greve representam, portanto, um prejuízo potencial de cerca de 70 mil entradas, ou mais de € 1 milhão. A direção não comunicou sobre os números de cancelamentos.

O movimento social já tinha fechado a torre no dia 27 de dezembro – dia do centenário da morte de Gustave Eiffel, engenheiro que construiu o monumento, em 1887.

O equilíbrio econômico da Torre Eiffel foi abalado pela perda de cerca de € 120 milhões em receitas durante os dois anos de crise sanitária, em 2020 e 2021. No ano passado, o número de visitantes foi superior ao registrado antes da pandemia, de 6,3 milhões de visitantes.