Os trabalhadores da Torre Eiffel entraram, nesta quinta-feira (22/02), no quarto dia consecutivo de greve, em pleno período de férias escolares na França, quando o número de turistas aumenta em Paris. As razões do movimento social são inusitadas: não são por aumentos de salários ou melhores condições de trabalho, mas sim em protesto contra a gestão financeira do monumento pela prefeitura da capital.
Os sindicatos alegam que o principal cartão postal da capital francesa estaria a perigo: segundo o CGT e o Força Operária, a nova carga de impostos aplicada pela prefeitura ameaça a saúde financeira da Torre Eiffel.
Nesta manhã, cerca de 100 funcionários protestaram na entrada principal do local, aos gritos de “Torre Eiffel em perigo, taxas altas demais” e “a prefeitura está achacando”. Uma placa mostrava a prefeita Anne Hidalgo ordenhando a Torre Eiffel, apresentada como uma “vaca leiteira” da prefeitura de Paris.
Contando com a efervescência da cidade durante os Jogos Olímpicos, em julho e agosto, e o aumento da frequentação em 2024, o governo local decidiu triplicar a taxa municipal que a administração da “Dama de Ferro” deverá pagar, num total de € 50 milhões. A própria prefeitura detém 99% do controle da empresa operadora da Torre Eiffel.
Os sindicatos alegam, entretanto, que Hidalgo superestima a previsão de alta do número de visitantes, e num momento em que são realizadas obras multimilionárias no monumento. Assim, o financiamento do restante da restauração em curso estaria ameaçado.
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Para sindicatos, nova carga de impostos aplicada pela prefeitura ameaça saúde financeira da Torre Eiffel
Quatorze anos sem pintura
A última vez que a Torre Eiffel foi pintada foi há 14 anos – ou seja, o dobro dos sete anos habituais. Algumas obras de manutenção, adiadas devido à pandemia de covid-19, ainda não foram realizadas.
Para completar, segundo funcionários, a ferrugem chega a ser visível nos pés do monumento, uma amostra do que seria o estado de degradação em que se encontra.
Os trabalhadores do local aguardam um acordo com a prefeitura de Paris para retomar o serviço e reabri-lo. Enquanto isso, assumem a responsabilidade de decepcionar os visitantes, em nome do futuro da Torre Eiffel.
Turistas frustrados
Desde segunda-feira (19/02), os milhares de turistas que sonham em subir no alto da torre – a maioria estrangeiros – encontram as portas fechadas. Nos dias anteriores ao fechamento, a “Dama de Ferro” recebeu entre 17 mil e 20 mil visitantes por dia, disse à AFP a representante sindical Nada Bzioui.
Os quatro dias de greve representam, portanto, um prejuízo potencial de cerca de 70 mil entradas, ou mais de € 1 milhão. A direção não comunicou sobre os números de cancelamentos.
O movimento social já tinha fechado a torre no dia 27 de dezembro – dia do centenário da morte de Gustave Eiffel, engenheiro que construiu o monumento, em 1887.
O equilíbrio econômico da Torre Eiffel foi abalado pela perda de cerca de € 120 milhões em receitas durante os dois anos de crise sanitária, em 2020 e 2021. No ano passado, o número de visitantes foi superior ao registrado antes da pandemia, de 6,3 milhões de visitantes.