O GIEI (Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes), que investiga o desaparecimento dos 43 estudantes mexicanos em Ayotzinapa, anunciou, nesta quarta-feira (06/04), o fim da colaboração com a Procuradoria do México. O rompimento foi ocasionado por discordâncias relativas à divulgação de informações sobre a perícia realizada no aterro sanitário do município de Cocula, região central do país.
Agência Efe
Integrante do GIEI, Claudia Paz, diz que grupo considerou divulgação dos dados uma “decisão unilateral” da Procuradoria
Em 1º de abril, um porta-voz dos peritos divulgou, em uma coletiva de imprensa, os resultados dos trabalhos no aterro. De acordo com os especialistas, há evidências de que houve um incêndio de grandes proporções no local e que pelo menos 17 adultos foram queimados ali. Declararam, no entanto, que era preciso mais tempo para comprovar cientificamente que todos os 43 estudantes tiveram seus corpos incinerados no local.
O anúncio público dos dados foi considerado pelo GIEI, que é vinculado à CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), uma “decisão unilateral” da Procuradoria. Na quarta-feira, os especialistas informaram à imprensa que não foram consultados a respeito da divulgação dos resultados, que classificam como “preliminares”.
Eles lembraram que as famílias tinham o direito de saber das informações da perícia de forma antecipada, e que a condução do caso tem aumentado o “mal-estar, vulnerabilidade e a incerteza” dos parentes das vítimas.
“O uso político dessa questão mostra uma enorme irresponsabilidade e muito pouca sensibilidade pelo direito à verdade dos familiares, do México e do mundo inteiro, para quem o caso Ayotzinapa se tornou uma referência”, disseram os membros do grupo.
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Segundo a ex-procuradora da Guatemala e integrante do GIEI, Claudia Paz, disse que decisões como a do anúncio da perícia tem levado a “um processo que não se adequa aos acordos firmados, aos padrões internacionais e que só contribuirá para confusão e descrédito”, disse.
O grupo informou que cumprirá com o trabalho para o qual foi convocado, que inclui a realização de um estudo psicossocial sobre os impactos do desaparecimento sobre os familiares das vítimas.
Apesar do rompimento, o GIEI disse que participará de um encontro na sexta-feira (08/04) com procuradores e o grupo de peritos para determinar se os jovens desaparecidos no município de Iguala tiveram seus corpos queimados no aterro sanitário de Cocula. Segundo a representante do grupo Claudia Paz, da Guatemala, os especialistas mantiveram a reunião porque ainda têm “muitas dúvidas” sobre o processo.
A Procuradora Arely Gómez informou à imprensa que haverá um encontro com o grupo nesta quinta-feira (07/04) para esclarecer a questão do rompimento.
Os 43 jovens desapareceram em 26 de setembro de 2014, depois de serem abordados pela polícia de Iguala, no México, a caminho de uma manifestação. O episódio resultou em 25 estudantes feridos e 46 detidos. Dos jovens presos, três foram encontrados sem vida, e o resto segue desaparecido. Eles eram estudantes da Escola Normal de Ayotzinapa.