Sexta-feira, 13 de junho de 2025
APOIE
Menu

“As nossas avós nos deram o voto, as nossas mães nos deram o divórcio e nós lhes damos a sentença C-055-22”, disseram as mulheres colombianas um ano após a descriminalização do aborto.

Organizações feministas e coletivos de mulheres celebraram na terça-feira (21/02) um ano da descriminalização do aborto até 24 semanas de gestação na Colômbia. A sentença C-055-22 foi fruto da pressão do movimento feminista no país que organizou uma campanha nacional levando o Tribunal Constitucional a aprovar o direito.

“Este feito histórico nos dá novos parâmetros e normas que temos de conhecer para defendermos o nosso direito”, diz o comunicado conjunto da campanha em defesa do aborto.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

O Movimento Causa Justa pelo Aborto celebrou “o poder do coletivo e do movimento, que tornou possível a descriminalização do aborto”, enquanto os slogans levantados pelas mulheres defendem que “as feministas estão a mudar o mundo”.

Nos últimos 12 meses, o Ministério da Saúde emitiu uma resolução para evitar barreiras na hora do acesso ao direito, estabelecendo que a interrupção da gravidez deve ser realizada em até cinco dias após a solicitação; também ampliou o período para a realização do procedimento por via de medicamentos para até 12 semanas. A medida ainda reafirma que menores de 18 anos podem realizar o aborto sem autorização de mães, pais ou responsáveis.

Após decisão judicial, interrupção da gravidez foi permitida até 24ª semana de gestação no território colombiano

Wikicommons

Antes da decisão judicial de 2022, Código penal colombiano previa até 4 anos e meio de prisão para quem realizasse o procedimento

“Mas ainda há barreiras por derrubar. Nem todas as mulheres estão bem informadas, há médicos que mentem e dizem que é ilegal ou se negam a realizar o serviço e não remetem a alguém que o faça. Sem contar que as mulheres imigrantes também enfrentam xenofobia”, denunciou a congressista Jennifer Pedraza Sandoval.

“Apostamos pela despenalização social para deixar para trás estigmas e mentiras”, concluiu a parlamentar e militante do movimento Causa Justa pelo Aborto. 

História 

Antes da decisão judicial de 2022, o Código penal colombiano previa até 4 anos e meio de prisão para quem realizasse o procedimento.

Agora, além da despenalização até a 24ª semana, a norma vigente autoriza a interrupção da gravidez sem limite de gestação em três ocasiões: casos de estupro, riscos para a gestante ou riscos para o feto.

De acordo com o movimento Mesa pela Vida e Saúde das Mulheres, anualmente, cerca de 400 colombianas eram processadas por realizar a interrupção voluntária da gravidez.

Cerca de 12,5% dos casos de aborto clandestino perseguidos pela justiça colombiana antes da lei correspondiam a adolescentes entre 14 e 17 anos. Deste total, 24% eram penalizadas.

Somente em 2020, cerca de 4.268 meninas de 10 a 14 anos de idade foram obrigadas a parir na Colômbia.