O ex-deputado venezuelano que havia se autoproclamado presidente, Juan Guaidó, chegou em Miami, nos Estados Unidos, na manhã desta terça-feira (25/04). A viagem do opositor ocorreu após ele cruzar de maneira irregular a fronteira entre Venezuela e Colômbia e tentar burlar a migração colombiana.
Na tarde desta segunda-feira (24/04), Guaidó publicou um comunicado em suas redes sociais afirmando que havia atravessado a pé a fronteira para o lado colombiano para participar da conferência internacional sobre os diálogos na Venezuela que foi convocada pelo governo da Colômbia.
A iniciativa organizada pelo presidente Gustavo Petro contará com a participação de 20 países, mas nem o governo venezuelano nem a delegação opositora foram convidados para esse primeiro encontro.
Horas mais tarde, o chanceler da Colômbia, Álvaro Leyva, desmentiu Guaidó e disse que o ex-deputado não era esperado na conferência.
Segundo as autoridades de migração do país, foi aberto um “processo administrativo” contra Guaidó por ele ter entrado em território colombiano “por vias irregulares”. O ex-deputado, então, foi conduzido ao aeroporto de Bogotá para viajar aos Estados Unidos. De acordo com a Chancelaria da Colômbia e o serviço migratório do país, as passagens a Miami já haviam sido adquiridas por Guaidó.
Já nesta terça-feira (25/04), Leyva voltou a comentar o caso. Segundo o chanceler, “um alto funcionário dos Estados Unidos” foi quem informou às autoridades migratórias da Colômbia sobre o paradeiro de Guaidó e o ex-deputado foi acompanhado “todo o tempo” por funcionários dos Estados Unidos.
“[Guaidó] não foi expulso. Ele tinha uma passagem aérea no bolso e, naturalmente, a passagem tinha uma data, um horário e uma companhia aérea. Simplesmente o acompanhamos para cumprir sua vontade e tudo foi impulsionado pelos Estados Unidos. Eu agradeço aos Estados Unidos pela ajuda para que a conferência de hoje tenha êxito”, disse.
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Quando tentou entrar ilegalmente no território colombiano, Guaidó já tinha passagem comprada e datada para viajar a Miami
Perturbar a conferência
Ao chegar aos Estados Unidos, na manhã desta terça-feira, Guaidó disse que estava “sendo perseguido” pelo governo do presidente Nicolás Maduro e que, por isso, havia abandonado o país. Nas últimas semanas, ele vinha alegando que havia um suposto plano das autoridades venezuelanas para prendê-lo.
O ex-deputado, na verdade, é alvo de investigações na Venezuela por seu envolvimento em uma série de atos ilegais para tentar derrubar Maduro. Guaidó tentou em três ocasiões dar um golpe de Estado na Venezuela, chegando a contratar mercenários norte-americanos para invadir a Venezuela. O opositor também é acusado de corrupção, por supostamente desviar fundos no período em que presidiu o Parlamento, e traição à pátria, por seus reiterados pedidos de sanções e apropriação indevida de fundos e ativos do Estado no exterior.
Em Miami, o ex-deputado também criticou o governo de Gustavo Petro e chegou a dizer que “a perseguição da ditadura se estendeu à Colômbia”.
Pelo Twitter, o presidente colombiano negou que Guaidó teria pedido asilo e classificou o ato do opositor como uma tentativa de perturbar a realização da conferência desta terça-feira.
“Simplesmente entre com seu passaporte e peça asilo. Com muito prazer, teríamos oferecido. Não tem motivos para entrar ilegalmente no país. Foi oferecido [a Guaidó] uma permissão de trânsito, [ele] não foi deportado de volta ao seu país e com autorização dos Estados Unidos viajou para lá. Obviamente um setor político queria perturbar o livre desenvolvimento da conferência internacional sobre a Venezuela”, disse Petro.