O mandatário dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou reconhecer nesta quarta-feira (23/01) o deputado Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, após o atual presidente da Assembleia Nacional do país se autoproclamar durante um comício em Caracas, chefe do Executivo.
Em pronunciamento oficial, após o gesto golpista de Juan Guaidó, Trump afirmou que como “única parte legítima do governo por ser eleito pelo povo venezuelano, a Assembleia Nacional invocou a Constituição do país para declarar Nicolás Maduro ilegítimo e, portanto, o cargo da presidência vago”. “Hoje, estou oficialmente reconhecendo o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela”, disse Trump.
Simulando uma cerimônia de posse em um palanque com a presença de militantes contrários ao governo, Guaidó mencionou artigos da Constituição e pediu a mobilização da população.
“Assumo a responsabilidade sob o artigo 333 e 350 da Constituição. Juro assumir o compromisso da não violência. Hoje, 23 de janeiro, juro assumir formalmente as competências do Executivo Nacional como presidente encarregado da Venezuela para alcançar o fim da usurpação”, disse o deputado.
Em seu comunicado, Trump pediu para que outros países reconheçam Guaidó como presidente interino e apoiem “seus esforços para restaurar a legitimidade constitucional” no país.
Manifestações
Esta quarta-feira foi marcada por protesto a favor e contra o governo. Setores a favor de Nicolás Maduro e da oposição realizam manifestações nas ruas de Caracas, em uma data significativa para a nação. 23 de janeiro é o dia em que se comemoram os 61 anos do fim da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, que levou a convocação de eleições diretas em 1958.
O objetivo é respaldar a liderança do presidente Nicolás Maduro, afirmou a vice-presidenta da Venezuela, Delcy Rodríguez, que fez um chamado ao povo para “defender a paz, e defender a união Nacional”. Ao mesmo tempo a vice-presidente reiterou a atual conjuntura dos venezuelanos no exterior ante a “terrível campanha de racismo e de xenofobia” contra a população.
Investigação contra Parlamento
O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela pediu nesta quarta-feira (23/01) que o Ministério Público determine as responsabilidades da Assembleia Nacional (AN) e inicie um processo contra a instituição por usurpar as competência do poder Executivo.
Segundo o juiz do TSJ, Juan Mendonza, a AN “violenta expressamente o artigo 236, ao pretender usurpar a competência do presidente da República”.
Desde de 2016, a Assembleia Nacional se encontra em desacato judicial, e seus atos não possuem validade jurídica.
Posse e Grupo de Lima
Após o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tomar posse de seu segundo mandato em 10 de janeiro, o autoproclamado Grupo de Lima, que é formado por 14 países dos continentes americanos, decidiu não reconhecer o governo de Maduro e apelou para a Assembleia Nacional formar um “governo de transição”.
Ainda na terça-feira (22/01), o ministro das Comunicações da Venezuela, Jorge Rodríguez, responsabilizou os “terroristas do Voluntad Popular” pela rebelião de 27 integrantes da Guarda Bolivariana na segunda-feira (21/01). De acordo com o ministro, os rebeldes, que foram detidos, fizeram o assalto das armas para ajudar o partido de oposição “a organizar atos de violência e um eventual assalto ao Palácio de Miraflores”, sede do governo venezuelano.
Maduro foi eleito para o segundo mandato com mais de 67% dos votos em eleições diretas realizadas em 2018.
Reprodução/VPI TV
Simulando uma cerimônia de posse, Guaidó se autoproclamou presidente interino