Não será nesta sexta-feira (07/07) que o primeiro turno das eleições presidenciais na Guatemala terá finalmente o seu fim. Na coletiva de imprensa realizada nesta manhã, o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) do país declarou apenas que a recontagem das urnas, solicitada dias atrás pela Corte Constitucional, já foi concluída, mas se negou a entregar os novos resultados oficiais.
A presidente do TSE, Irma Palencia, afirmou que “a diferença entre os dados divulgados inicialmente (no dia 26 de junho) e os obtidos no processo de revisão das urnas é muito baixa”.
A declaração da autoridade eleitoral deu a entender que o cenário do segundo turno eleitoral será o mesmo que foi anunciado naquela ocasião, no qual a empresária Sandra Torres, do partido de centro-esquerda União Pela Esperança (UNE), ficou em primeiro lugar, e enfrentaria no segundo turno o ambientalista social-liberal Bernardo Arévalo, do Movimento Semente, também considerado de centro-esquerda.
Fontes ligadas ao TSE informaram a meios de imprensa locais, sob condição de anonimato, que Torres e Arévalo mantiveram suas votações originais, com cerca de 15% e 11%, respectivamente, e que as demais candidaturas ganharam alguns votos a mais, mas nenhuma alcançou os 10%, o que significaria que os dois representantes progressistas deverão medir forças no segundo turno, marcado para o dia 20 de agosto.
Porém, a autoridade eleitoral tem rechaçado entregar um informe oficial sobre os resultados da revisão das urnas, alegando que ainda há algumas questões pendentes a serem analisadas.
Segundo a presidente do TSE, os números oficiais devem ser conhecidos na semana que vem, mas tampouco há uma data específica. Também não foi informado quais detalhes estão sendo analisados e se algum dos partidos que solicitaram a revisão das urnas estaria por trás do atraso na oficialização dos resultados.
Tribunal Supremo Eleitoral da Guatemala
Segundo a imprensa guatemalteca, recontagem não mostrou diferenças significativas com resultado entregue originalmente
Pressões políticas
A recontagem dos votos na Guatemala foi determinada por decisão proferida no último domingo (02/07) pela Corte Constitucional, a partir de denúncias de fraude apresentadas por três partidos: a Unidade Nacional da Esperança (UNE), de Sandra Torres; o Vamos, do atual presidente Alejandro Giammatei e do seu candidato, Manuel Conde; e o Valor, da candidata de extrema direita Zury Ríos Sosa, filha do ex-ditador Efraín Ríos Montt (1981-1983).
Segundo o diário Prensa Libre, o TSE tem recebido diversas críticas de grupos de observadores eleitorais. A principal queixa seria que o organismo estaria cedendo a pressões de grupos políticos que buscam conseguir alguma alteração no resultado do primeiro turno através da recontagem.
A imprensa local também afirma que a maior fonte dessas pressões seria o partido governista Vamos, cujo candidato, Manuel Conde, terminou o primeiro turno em terceiro lugar, com 7,8%. As fontes anônimas que vazaram dados a jornais guatemaltecos indicam que ele teria melhorado sua votação após a revisão, mas que não alcançaria os 10%.
“O TSE tem que estabelecer regras claras sobre o processo e mostrar que é a instituição que tem toda a hegemonia do processo eleitoral, sem se sujeitar a influências externas. Também acho que faltou um pouco de comunicação com a população”, reclamou Ricardo González, integrante do Movimento Cívico Nacional (MCN), uma das entidades que participa do processo como observador eleitoral.
Apesar das críticas, a presidente do TSE, Irma Palencia, assegurou que, enquanto não forem oficializados os resultados, as urnas estarão protegidas por efetivos policiais e militares. “Estamos garantindo a custódia do voto, além de eleições transparentes e eficientes”, frisou.
A titular do principal organismo eleitoral da Guatemala evitou responder perguntas sobre se a lentidão em oficializar o resultado do primeiro turno poderia alterar a data de votação do segundo turno, que por enquanto está marcado para o dia 20 de agosto. Segundo a programação inicial do TSE, a campanha para esta segunda etapa do processo deveria ter começado na última terça-feira (04/07).
Com informações de Prensa Libre e La Nación.