O presidente da Guatemala, Álvaro Colom, oficializou essa semana a abertura do escritório de consultas dos arquivos militares da Guatemala. Ao todo, estarão disponíveis à população 12.287 documentos, correspondentes a 99,3% da comunicação oficial encontrada, noticiou a imprensa local. As informações se referem ao período entre 1954 e 1996, quando o país passou por uma sangrenta guerra civil, que deixou cerca de 250 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos, segundo dados oficiais.
O restante — 55 documentos que mantêm a classificação de “secretos” e “ultra-secretos” — continuará sem acesso por ser de classificada como “segurança nacional”. A informação está digitalizada, mas, para consultá-la, é necessário fazer uma solicitação formal por escrito.
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Citado pelo site de notícias El Periódico, o presidente da Comissão Presidencial de Desclassificação de Arquivos Militares, Eduardo Manuel Morales, contou que durante três meses digitalizadores divididos em três turnos trabalharam durante 18 horas diárias para fazer uma cópia de todos os documentos. A abertura, segundo ele, “representam um ponto de partida de uma nova era na Guatemala”.
Ao fazer o anúncio, Colom classificou a abertura como um “legado” para a população, a garantia “que o futuro seja livre de contaminações de um passado que não queremos que se repita”.
Recentemente, o militar guatemalteco Héctor Mario López Fuentes foi detido sob acusações de ter ordenado e participado de pelo menos 400 massacres e 77 casos de desaparecimentos. O general López, de 81 anos, foi chefe do Estado-Maior do Exército guatemalteco durante o governo do general José Efraín Ríos Montt (1982-1983), o período mais sangrento do conflito armado que envolveu a Guatemala durante 36 anos.
A guerra civil na Guatemala começou em 1954, quando o presidente eleito Jacobo Arbenz foi derrubado por um golpe militar apoiado pelos setores conservadores e pelos Estados Unidos. Ao longo da década de 1960, vários grupos de oposição ao governo passaram à clandestinidade e teve início uma série de conflitos armados durante os 36 anos seguintes. Morreram cerca de 140 mil pessoas em choques envolvendo a guerrilha, forças do governo e população civil. Além dos mortos, houve 44 mil desaparecidos e 50 mil camponeses foram obrigados a deixar suas terras.
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