O presidente dos EUA, Joe Biden, disse no dia 9 de julho, ao anunciar os planos de remoção das tropas norte-americanas do Afeganistão, que uma tomada do país asiático pelo Talibã não iria acontecer, e que as forças afegãs eram suficientemente grandes para evitar uma dominação.
Neste domingo (15/08), os talibãs entraram na capital Cabul e passaram a controlar o país, depois de um rápido avanço pelo território. A inteligência norte-americana disse, na sexta (13/08), que levaria 90 dias para que o grupo atingisse a cidade – o que acabou acontecendo dois dias depois.
Questionado por um jornalista se a tomada era “inevitável”, Biden respondeu: “Não é. As tropas afegãs têm 300 mil [homens] bem equipados, tão bem equipados como qualquer Exército no mundo, e uma Força Aérea contra algo como 75 mil talibãs. Não é inevitável”, afirmou o presidente.
Em seguida, Biden foi questionado se confiava no Talibã. O mandatário chamou a pergunta de “boba”, mas negou que confiasse. “Mas acredito na capacidade dos militares afegãos, que estão melhor treinados, melhor equipados e mais competentes em conduzir guerras”, disse.
Biden também negou que a própria inteligência norte-americana tivesse afirmado que o governo do Afeganistão cairia rapidamente após a saída dos EUA. “Eles não chegaram a essa conclusão. […] O governo afegão e as lideranças precisam se juntar. Eles claramente têm a capacidade de manter o governo. A pergunta é: eles vão gerar o tipo de coesão necessária para fazer isso? Não é uma questão de se eles têm condições ou não. Eles têm capacidade. Eles têm as forças. Eles têm o equipamento. A questão é: eles irão fazer isso?”, questionou.
White House
Biden disse que forças afegãs eram grandes o suficiente para evitar dominação completa do Talibã
“Mas não há uma conclusão de que, de fato, eles não podem derrotar o Talibã. Acredito que a única maneira – e agora quem está falando é Joe Biden, não a comunidade de inteligência – de finalmente ter paz e segurança no Afeganistão é que eles achem um modus vivendi com o Talibã e façam um julgamento de como eles podem fazer a paz. E a hipótese de que haverá um governo unificado no Afeganistão controlando todo o país é altamente improvável”, disse.
O norte-americano ainda disse que não abandonaria o governo de Ashraf Ghani, presidente afegão que renunciou pouco antes de o Talibã entrar na capital e fugiu para um país da Ásia central. “E quero deixar claro o que deixei claro para Ghani: nós não vamos simplesmente embora sem apoiar sua capacidade de manter sua força”, afirmou.
No final de semana, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, negou que os acontecimentos no Afeganistão fossem uma “Saigon”, em referência à retirada dos norte-americanos ao final da Guerra do Vietnã.
“Fomos ao Afeganistão há 20 anos com uma missão, e essa missão era lidar com as pessoas que nos atacaram em 11 de setembro [de 2001]. E nós tivemos sucesso nessa missão”, disse, em entrevista à CNN. Na sequência, cenas de pessoas desesperadas no aeroporto de Cabul tentando fugir do país começaram a circular nas redes sociais.