A noite desta sexta-feira (08/03) foi de caos na capital do Haiti, Porto Príncipe. Meios locais e agências de notícias internacionais relataram diversos tiroteios em diferentes pontos da cidade, e destacaram o fato de que muitos episódios aconteceram nos arredores do Palácio Nacional haitiano.
A imprensa haitiana especula com a possibilidade de que essas ações sejam realizadas por grupos armados, e que façam parte de uma estratégia coordenada para ocupar edifícios governamentais localizados na zona.
Um dos edifícios que sofreu ataque, segundo os reportes, foi a sede da Polícia Nacional, no centro da capital, e algumas unidades policiais localizadas em outras regiões. Alguns relatos afirmam que os grupos que promovem os ataques teriam assumido o controle de algumas dessas sedes policiais.
Também foram reportados ataques à sede da Suprema Corte e do Ministério do Interior. Esta segunda ação teria resultado em um incêndio provocado pelos invasores.
FRG9
A versão de que todos esses ataques seriam parte de uma ação coordenada leva em consideração a ameaça feita por Jimmy Chérizier, mais conhecido pelo codinome “Babekyou”, um ex-policial que se tornou líder do grupo rebelde “Forças Revolucionárias da Família G9 e Aliados” (FRG9).
Na terça-feira (05/08), o FRG9 divulgou um vídeo no qual o próprio Babekyou exigiu a renúncia do líder político do país, Ariel Henry, e ameaçou com iniciar uma “guerra civil em todo o Haiti” caso essa demanda não fosse acatada.
As especulações sobre ataques organizados, portanto, partem da premissa de que estes já seriam a promessa de Babekyou posta em prática, embora seu grupo rebelde não tenha assumido oficialmente a autoria dos atos, ao menos por enquanto.
Vale lembrar que Henry assumiu interinamente os dois principais cargos políticos do Haiti, o de presidente e o de primeiro-ministro, em julho de 2021, logo após o magnicídio do seu antecessor na presidência, Jovenel Moïse.
O líder haitiano fugiu para a vizinha República Dominicana logo após as ameaças do FRG9, mas o governo dominicano afirmou que não concederá asilo político nem autorização de estadia por tempo indeterminado, razão pela qual seus assessores solicitaram permissão aos Estados Unidos para que ele possa ser trasladado a esse país.